Do erotismo hidráulico

    
Em primeiro lugar, julgo ser mais ou menos evidente que os escritores portugueses fodem pouco e mal. Decorre daqui que as traulitadas sejam deficientemente representadas, não só na literatura, mas também nos livros de Miguel de Sousa Tavares, por exemplo.
      
A este propósito, chamo a sua atenção para o célebre episódio da noite de núpcias, no "Rio das Flores".
      
Diz assim: "[Diogo] entrou nela devagar, conforme ela pedira. Devagar e cada vez mais fundo, até que um dique se rebentou algures, não se sabia dele, se dela, se de ambos."

Note que se trata de um erotismo hidráulico, este que cruza os diques com a berlaitada. Aqui para nós deve ser incomodativo. 

Está um homem sossegado, convencido que vai arrefinfar gostosa pinada inaugural na esposa, e de repente o arrebentamento de um dique revela-lhe que está, na verdade, a ir à bufa da Holanda.
O Meu Pipi, 
a propósito do seu último livro "Sermões"


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