Dez anos *
* Publicado hoje no Jornal do Centro
1. Já se está a pensar mudar outra vez a lei do tabaco. Os milhões de euros gastos nos últimos quatro anos em sistemas de extracção de fumo correm agora o risco de serem incinerados pela chaminé acima.
Temos um estado que não consegue pôr um caloteiro a pagar uma dívida, um estado que não consegue pôr um carteiro a distribuir as cartas no bairro de Paradinha, mas temos um estado sempre empenhado em tornar a vida das pessoas e das empresas mais difícil do que ela já é.
2. Passado meio ano, como está o governo de Pedro Passos Coelho?
Na frente orçamental, as coisas correm ao ritmo da troika o que não surpreende: o país está sem autonomia a ter de fazer o que os credores mandam.
Na frente internacional, o primeiro-ministro alinha sempre com Angela Merkel (embora meta a EDP pelas gargantas chinesas abaixo) e deixa Cavaco Silva a pedir ao BCE que inunde de liquidez os mercados (alguém tem que ficar com os trabalhos suaves). Esta divisão de tarefas entre o primeiro-ministro e o presidente pôs a esquerda a incensar Cavaco sem perceber o filme.
Em matéria de boys e girls, Pedro Passos Coelho não tem sido sôfrego, o que tem deixado a direita a coçar-se de impaciência. Em Viseu, como Mota Faria do PSD tem levado tudo, o CDS está à beira de um ataque de nervos.
Em 2002, a coligação Barroso/Portas, ao fim de meio ano, estava no vermelho nas sondagens e nunca mais recuperou. Agora a coligação Passos/Portas continua à frente nos índices de popularidade. Há uma razão para isso: o PS deixado por Guterres tinha força moral junto da classe média, força que agora o PS pós-socrático não tem.
3. Este jornal passou a escrever “espetadores” em vez de “espectadores”. Ao Olho de Gato ainda não apetece. Em Março esta coluna faz dez anos. Então decide-se: ou acordiza, ou fecha.
Fazer dez anos em tempos de crise significa que, terá de continuar, é obrigatório continuar, numa altura em que a comunicação social definha. O que não significa cumprir o acordo.
ResponderEliminarAbraço
Cumprir o acordo é tão fácil, que não vale a preocupação...Mas às vezes é desesperante e inútil.Retirar as consoantes mudas, ainda se compreende, mas as outras palavras ( a maioria), não fazem sentido nenhum...Nem sequer se pode falar em progresso ( qual?).
ResponderEliminarO Olho de gato tem que continuar, pois o acordo é apenas um pormenor sem importância...