Se é verdade que o gelo

Foto de Ray K. Metzker

Se é verdade que o gelo
suplantará o tímido calor
de nossas mãos agarradas
e que outro destino não teremos
na terra banhada da chuva
das folhas do outono
é certo então que ao pó retornam os mundos

As eras se abaterão sem rumor
como castelos de cinzas
sobre a lareira que já ninguém toca
na casa desabitada
só o vento fará gemer as portas
até que apodreçam sob o céu
quando até mesmo o teto tenha desabado

Eis tudo o que restará da casa
e do Eterno se dirá o Ausente
Lalla Romano
Trad.: Geraldo Holanda Cavalcanti



Comentários

  1. José Afonso
    Aveiro, 2 de Agosto de 1929 — Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987

    “O que é preciso é criar desassossego”

    “O que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a criar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado! (…) Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que, qualquer dia, estamos reduzidos à condição de ‘homenzinhos’ e ‘mulherzinhas’.
    Temos é que ser gente, pá!”.

    Entrevista a Viriato Teles, in «Se7e», 27/11/85


    "Eis tudo o que restará da casa
    e do Eterno se dirá o Ausente" - Lalla Romano

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