"VISEU, CIDADE DAS HISTÓRIAS" (com agá, António Almeida Henriques, com agá)*

* Este foi o Olho de Gato #451, publicado online há exactamente dez anos, em 31 de Outubro de 2013 (não teve edição em papel porque o Jornal do Centro fez uma pausa de uma semana para reformulação)

Caro presidente da câmara municipal de Viseu, 
isto que disse sobre cultura no seu discurso de tomada de posse, designadamente o que está sublinhado, deixou-me satisfeito e esperançado:



Sem dúvida: a cultura pode ser “um investimento e não um custo”, desde que se saiba o que se quer e se tenha estratégia para lá chegar.


Também concordo consigo, caro António Almeida Henriques, quando diz que temos uma“espontânea geração de criadores, programadores e artistas aqui radicados”; e digo mais: ela é muito boa.

Contudo, saber/fazer/promover cultura com fazem os nossos agentes culturais não é o mesmo que ter uma política cultural, isto é: ter uma acção no espaço público e com recursos públicos capaz de promover o bem comum. Isso compete aos políticos eleitos. 

Uma política cultural é mais que a soma de projectos segmentais e espontâneos dos operadores culturais e — não podendo nem devendo um município assumir o papel de operador de gosto — ele deve, ainda assim, ter uma visão integradora, abrangente, desinibida e cosmopolita do que quer na cultura.

Numa iniciativa de campanha designada Viseu, Cidade Criativa, ocorrida em Julho no Auditório Mirita Casimiro, defendi que toda a actividade cultural do município seja pensada e integrada no lema "Viseu, cidade das histórias".

O parágrafo sublinhado do seu discurso que refere "Cidade de Estórias" parece apontar nessa direcção. Se é essa a sua intenção, caro António Almeida Henriques, devo cumprimentá-lo, é uma magnífica intenção.

Penso que esta ideia —
"Viseu, cidade das histórias" — tem pernas para andar e pode ser uma nossa marca distintiva, tornando-nos conhecidos no país e no mundo, se as coisas forem feitas com profissionalismo, competência e talento.

Por duas razões:
(i) porque é original, não conheço nenhum município com essa visão global para a sua oferta cultural;
(ii) porque toda a gente, de todas as idades e condições sociais, gosta de histórias, e porque todas as actividades culturais contam histórias.

É passar do discurso à prática, meu caro.

Comentários

Mensagens populares