Um IP3 baratinho e irritante, “O Volframista”*

*Hoje no Jornal do Centro, nas bancas e aqui

1. A decisão de duplicar o IP3, em vez de se fazer uma autoestrada de raiz, foi um erro. A corte de Lisboa pensa sempre que para o interior bacalhau basta e, por isso, preferiu a solução pior e mais baratinha, que, sejamos optimistas, há-de estar pronta algures entre 2030 e 2032. O importante é que estejamos cá todos com saúde para circularmos nela, antes e depois de lá porem pórticos. 

Fotografia de Paulo Novais, daqui

O IP3, como está, é um perigo. Durante as obras, vai ser um perigo e uma irritação.

O presidente da câmara de Coimbra, de pavio curto, ameaça “cortar a A1 e a Linha do Norte para que o IP3 seja transformado numa autoestrada.” 

O presidente da câmara de Viseu, conciliador, não quer nem “janeirinhas” nem “marias-da-fonte”, e levanta apenas uma pequena objecção: os constrangimentos em Penacova deviam ser atacados primeiro e só depois os do troço Viseu-Santa Comba, onde se circula menos mal. Tem razão. É, de facto, mais uma das várias asneiras de Pedro Nuno Santos, mas daí não vem grande mal ao mundo, o buraco da TAP foi bem mais danoso, a opção pela bitola ibérica no TGV muito mais problemática.

Resumindo, em matéria do IP3, estamos nisto:

— José Manuel Silva quer imitar os ecologistas-melancia, que são verdes por fora e vermelhos por dentro e se sentam no pavimento “atrapalhando o tráfego” (ler como quem trauteia a “Construção”, de Chico Buarque);

— Fernando Ruas já não consegue ter impacto nacional, este seu regresso ao Rossio não está a correr bem e começa a faltar-lhe tempo para inverter o desapontamento, cada vez mais evidente, dos viseenses.


2. As páginas de “O Volframista”, de Acácio Pinto, tratam dos anos loucos do “volfro”, entre 1940 e 1944, anos de fortunas instantâneas, de ascensões e quedas.

Se contei bem, enquanto viaja no tempo para trás e para frente, o autor dá nome e destino a 57 personagens (a última ainda na barriga da mãe), aniquila uma com uma corda e outra à bala, para além de descrever a estranha forma de acender charutos em uso nos bordéis de Viseu.

Vai na terceira edição. Nas vésperas de uma merecida quarta. 

Fotografia da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves - Mangualde


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