Boy meets girl *
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 24 de Outubro de 2013
1. No final de Setembro, Maria do Céu Sobral fez aqui uma divertida crónica, intitulada Bloody Mondays, em que conta que faz os seus textos para o jornal às segundas-feiras mas que eles começam a germinar na sua cabeça antes. Passo a citar: «a noite de domingo é sobressaltada por sonhos em que me encontro a escrever o artigo, já houve noites em que os escrevi minuciosamente sonhando, outras em que em 'sono alevantado' me revirava em reviravoltas de palavras, frases, conclusões e opiniões...»
Isto, que é bem escrito por Maria do Céu Sobral, lembrou-me uma velha história: havia um argumentista em Hollywood que andava sempre com um lápis e um bloco de apontamentos para registar as suas ideias, levava-os para todo o lado, mesmo quando ia dormir pousava o lápis e o bloco na mesa-de-cabeceira.
Uma noite ele teve um sonho a cores, um sonho que o nosso argumentista, homem do cinema, sonhou projectado num écran, dentro dele uma história sublime, a história que finalmente o ia levar à glória. Meio-a-dormir-meio-acordado, pegou no lápis, registou o que estava a sonhar, e tratou de regressar rápido ao seu sono/sonho, àquele onirismo bom que lhe ia dar, de certeza, o Óscar que tanto merecia.
Na manhã seguinte, mal acordou, numa felicidade vivida em antecipação, o nosso homem pegou no bloco para recordar como tinha sido aquele sonho genial. Estavam lá escritas três e só três palavras: «rapaz encontra rapariga»...
2. No filme Gravity — um filme a ver com óculos 3D — Sandra Bullock diz que o que mais gosta lá em cima, a 372 milhas do planeta azul, é do silêncio.
Ela tem razão. Cá em baixo em todo o lado há “música ambiente”, “toques” telemoveleiros, gente a falar alto, crianças bem-criadas-mal-educadas, televisões sempre ligadas, tudo a debitar ruído.
Cá em baixo há a boa e velha gravidade da mãe-terra, não há é silêncio em lado nenhum.
1. No final de Setembro, Maria do Céu Sobral fez aqui uma divertida crónica, intitulada Bloody Mondays, em que conta que faz os seus textos para o jornal às segundas-feiras mas que eles começam a germinar na sua cabeça antes. Passo a citar: «a noite de domingo é sobressaltada por sonhos em que me encontro a escrever o artigo, já houve noites em que os escrevi minuciosamente sonhando, outras em que em 'sono alevantado' me revirava em reviravoltas de palavras, frases, conclusões e opiniões...»
Isto, que é bem escrito por Maria do Céu Sobral, lembrou-me uma velha história: havia um argumentista em Hollywood que andava sempre com um lápis e um bloco de apontamentos para registar as suas ideias, levava-os para todo o lado, mesmo quando ia dormir pousava o lápis e o bloco na mesa-de-cabeceira.
Uma noite ele teve um sonho a cores, um sonho que o nosso argumentista, homem do cinema, sonhou projectado num écran, dentro dele uma história sublime, a história que finalmente o ia levar à glória. Meio-a-dormir-meio-acordado, pegou no lápis, registou o que estava a sonhar, e tratou de regressar rápido ao seu sono/sonho, àquele onirismo bom que lhe ia dar, de certeza, o Óscar que tanto merecia.
Na manhã seguinte, mal acordou, numa felicidade vivida em antecipação, o nosso homem pegou no bloco para recordar como tinha sido aquele sonho genial. Estavam lá escritas três e só três palavras: «rapaz encontra rapariga»...
2. No filme Gravity — um filme a ver com óculos 3D — Sandra Bullock diz que o que mais gosta lá em cima, a 372 milhas do planeta azul, é do silêncio.
Ela tem razão. Cá em baixo em todo o lado há “música ambiente”, “toques” telemoveleiros, gente a falar alto, crianças bem-criadas-mal-educadas, televisões sempre ligadas, tudo a debitar ruído.
Cá em baixo há a boa e velha gravidade da mãe-terra, não há é silêncio em lado nenhum.
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