4740 *

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 3 de Outubro de 2013

1. As autárquicas de domingo deram um sinal óbvio: onde foi possível, as pessoas votaram contra a partidocracia. Votaram contra os partidos por boas razões, como por exemplo no Porto e em Abraveses... 

... e votaram contra os partidos por más razões, como em Oeiras.

Esse voto de protesto é iniludível e vai ser avassalador nas presidenciais de 2016, com Marinho Pinto ou outro qualquer candidato anti-sistema. As próximas presidenciais representam um severo risco de ruptura para a terceira república.

2. José Junqueiro tinha, no mínimo, a obrigação de ganhar dois vereadores ao PSD: um decorrente da queda do PSD do dr. Ruas para o PSD de Almeida Henriques (esse trambolhão aconteceu e foi superior a 15%); o outro decorrente do voto de protesto contra o governo (aqui Junqueiro falhou clamorosamente).

O PS-Viseu teve um resultado desapontante. As duas facções dos militantes socialistas de Viseu gastaram muito mais energia na campanha interna para a concelhia no ano passado do que agora nesta campanha autárquica.

Isto é: depois de quatro anos de deserção e falta de fibra, o PS-Viseu continua a olhar para o umbigo. Ninguém se demite?

3. No domingo eleitoral esteve um dia cinzento e chato. Mesmo assim, 4740 viseenses saíram de casa, foram à sua assembleia de voto, mostraram os seus documentos, dirigiram-se à cabine, e... ou dobraram o voto em branco, ou anularam-no. A nível concelhio, os nulos e brancos chegaram aos 9,4%, muito acima da percentagem nacional (6,8%). Se considerarmos só as freguesias urbanas, os nulos e brancos ultrapassaram os 12%.

Estes viseenses ainda acreditam na democracia, caso contrário teriam ficado em casa a “lagartar” no sofá, mas não se reviram em nenhuma das candidaturas partidárias. É caso para perguntar: que teria acontecido se tivesse havido uma candidatura independente à câmara de Viseu?

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