RTP*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 31 de Janeiro de 2013
1. Desde que começou a emitir, em 1955, a RTP foi sempre a voz do dono. Foi melíflua no tempo de Salazar, conversou em família com Caetano, foi uma-gaivota-voava-voava durante o PREC, e a seguir, a preto e branco ou a cores, foi sempre situacionista, vivendo das taxas, da publicidade e de transferências generosas do orçamento de estado (no ano passado foram 540 milhões de euros). Pode faltar dinheiro para tudo, para a RTP nunca falta.
Em 2012, aconteceu uma coisa nunca vista: a RTP carregou na maquilhagem, desceu o decote, vestiu uma saia curta e, durante um trimestre, veio para a rua fazer oposição ao governo da nação.
Entre 23 de Agosto (dia em que António Borges “anunciou” que a RTP ia ser concessionada a privados) e 21 de Novembro (dia da demissão de Nuno Santos) a RTP malhou forte e feio em Passos Coelho e no doutor Relvas.
Claro que estes três meses “vadios” da RTP já acabaram. Relvas pôs lá uma nova administração, reforçou os poderes do director-geral, e a velha senhora é outra vez o que sempre tem sido desde 1955.
Entretanto, a tão aguardada decisão do conselho de ministros sobre a RTP foi deixar tudo na mesma, o que foi uma felicidade para o país político: o doutor Relvas ganhou o que importa - o controle dos conteúdos, enquanto Portas e Cavaco ficaram com imagem de vencedores e o aplauso dos partidos de esquerda. O PS não tem pensamento sobre os media (no grupo parlamentar o assunto é deixado a Inês de Medeiros), o bicéfalo bloco não acerta uma e o PCP vê sempre na mesmice uma vitória dos trabalhadores.
Os contribuintes, esses, vão continuar a pagar este manicómio, a pagarem a taxa audiovisual, e a pagarem tv-cabo se quiserem mais do que os quatro canais da TDT (até a desgraçada Grécia tem 17...)
2. O professor Marcelo acertou:
o PS com Costa é uma televisão a cores e com Seguro é uma televisão a preto e branco.
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