Divertimentos *

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 10 de janeiro de 2013


1. Estamos na segunda fase da crise sistémica global. A primeira foi em 2008/2009, quando quinze biliões de dólares de activos-fantasma se esfumaram no ar, quando os estados se endividaram para salvar os bancos e, a seguir, trataram de tapar o buraco com emissão de liquidez e com um massacre à classe média.     

Fotografia daqui
Durante estes quatro anos, graças a Angela Merkel e à chegada de Mario Draghi ao BCE, o euro conseguiu resistir às investidas das empresas de rating e ao bombardeamento mediático proveniente de Wall Street e da City.

Esta segunda fase começou no segundo semestre de 2012, como tinha previsto o Laboratório Europeu de Antecipação Política. Vão arder mais quinze biliões de dólares de imobiliário invendável e “alavancagens” várias. Convinha que os governos pusessem os accionistas dos bancos a pagar a factura e não, como tem acontecido, os trabalhadores e os reformados. Caso os governos insistam na mesma receita, a “rua” vai explodir.    

Em Portugal, como a posição do estado nos capitais dos bancos vai aumentar (confira-se o que se está a passar no BPI, BCP, Banif, …), para que raio António José Seguro e Pedro Passos Coelho querem criar ainda mais um banco público, um chamado “banco de fomento”? Para colocar mais uns boys? Para, depois, ser mais fácil vender a CGD?

     

2. Durante as festas natalícias, tivemos direito a dois divertimentos:   

(i) O grande Artur Baptista Silva — “representante” da ONU para os países do sul e para a academia do bacalhau e para a universidade de verão do PS e para a SAD do Sporting — foi expulso das televisões. Os oráculos instalados odeiam concorrência.

(ii) Com o seu decreto nº 7875 de 27 de Dezembro, a presidenta Dilma Rousseff atirou o acordo ortográfico no Brasil para 2016, deixando pendurada a pressa portuguesa, pressa tão moderninha, pressa tão parolinha no seu fatinho armani. Viva a presidenta!

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