Ano perdido*
* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 4 de Janeiro de 2013
1. 2012 foi um ano perdido: nada foi feito para melhorar o nosso funcionamento democrático nem tão pouco uma nova lei eleitoral autárquica.
António José Seguro — que chegou à liderança do PS com uma agenda anti-corrupção - foi mandado calar sobre o assunto pelos socratistas e calou-se. Agora, enquanto a generosidade das bases socialistas está focada nas próximas autárquicas, as elites pensam em legislativas antecipadas, apostando que Portas se divorcia de Passos.
Depois das duas derrotas monumentais do ano passado — o acórdão do Tribunal Constitucional sobre o orçamento e a resposta da “rua” à TSU -, o primeiro-ministro está em dificuldades mas a deriva estratégica dos socialistas pode resultar, como se diz em politiquês, numa “janela de oportunidade” para Passos Coelho tornar menos pesado o massacre que vai sofrer nas autárquicas.
Depois de um ano perdido, Cavaco é uma solidão chamada BPN, Passos Coelho é Relvas, Portas é um bilhete de avião, Seguro é antes de Costa, os tribunais são Isaltino à solta, os media são pés-de-microfone para todo o bicho careta que diga “senhora”, com cara de enterro, antes do nome Merkel.
2. No início do outono vamos ter as autárquicas. Em Viseu, José Junqueiro e António Almeida Henriques têm a casa para arrumar.
Os jogos florais entre facções na concelhia do PS causaram alguma mossa, mas nada que Junqueiro não resolva quando começar a trabalhar.
Já António Almeida Henriques tem um problema bicudo para resolver. O dr. Ruas não se cansa de repetir que regressa em 2017. Ora, perante esta sombra, como é que Almeida Henriques vai convencer as pessoas que é um candidato a sério e não alguém que só quer tomar conta da “quinta” durante quatro anos?
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