Rádios locais *
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 30 de Novembro de 2012
Fez ontem um ano, foi em 29 de Novembro de 2011 que foi silenciada a rádio Noar. Uma rádio que, convém lembrar, dava lucro. No 106.4 está agora uma emissão ligada à Renascença.
Como foi possível atribuir um alvará de rádio local a uma rádio nacional?!
Recordemos o que aconteceu: as rádios locais, desde o início da sua existência em 1989, estavam obrigadas por lei a terem programação própria. Essa obrigatoriedade mantinha afastados os tubarões já que tornava as cadeias de rádios impossíveis. Durante 21 anos os tubarões pressionaram em vão os governos para que a lei fosse mudada nesse ponto.
Quem acabou por ceder aos seus apetites foi uma criatura chamada Jorge Lacão, em 2010, no segundo governo Sócrates.
Um ministro inadjectivável, mais a “distracção” dos deputados no parlamento, mais a falta de comparência da gente de dinheiro da cidade, tudo somado levou à morte da rádio de notícias de Viseu – uma rádio isenta, que ouvia e dava voz a todos, um cimento da nossa comunidade.
Num artigo recente no Diário de Viseu, José Junqueiro — o provável próximo candidato do PS à presidência da câmara de Viseu - lamentou o panorama radiofónico da cidade e logo a seguir, numa espécie de compensação psicológica, assinalou a boa forma das rádios de Tondela, Sátão, Mangualde, Vila Nova de Paiva, Vouzela, S. Pedro do Sul e Lamego.
Ora, isso é bom. Mas o problema é que, quanto melhor estiverem essas rádios, mais em risco estão. Nada na lei impede que elas, que tão bom serviço prestam aos seus concelhos, sejam compradas.
Apelo aqui aos nove deputados eleitos pelos viseenses: é preciso evitar este perigo, há que propor uma alteração da lei da rádio que imponha de novo pelo menos oito horas de programação local a todos os alvarás locais. Ao fim e ao cabo, há que reverter a bacorada feita pelo Lacão. Ontem já era tarde.
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