Sexta-feira, dia 13*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 13 de Fevereiro de 2009

Esta edição do Jornal do Centro sai em dia aziago – hoje é sexta-feira, dia 13, um dia de azar.

Cara leitora, caro leitor, hoje não é bom dia para jogar no euromilhões. Devia ter jogado ontem. Até a Maya, de rotundidades tão recentes, lhe contaria o saber antigo que nos diz que uma sexta-feira, dia 13 é um dia impropício, um dia com perigos redobrados mesmo para quem não acredita em bruxas, pero que las hay, hay.

À cautela, cara leitora e caro leitor, não passe debaixo de uma escada, nem abra o guarda-chuva dentro de casa, nem preencha hoje o seu IRS embora se o fizer depressa e o enviar pela internet, o ministro Teixeira dos Santos vai ter isso em especial consideração.

Um conselho: dê três pancadas na madeira mas como deve ser, na parte debaixo do tampo da mesa. Tem uma mesa de vidro?!?! Não devia. Compre uma de madeira. Mas não a compre hoje, hoje é sexta-feira, dia 13.

Se vir uma aranha não rejubile porque não, não é sinal de dinheiro. Aranha dá dinheiro, sim, mas em todos os dias menos neste.

Para aonde vai com essa ferradura e o martelo? Pregá-la na sua porta por causa dos ladrões e dos maus espíritos? Boa ideia, mas guarde essa carpintaria para amanhã.

Ainda bem que o Olho de Gato não é um gato preto mas, mesmo assim, uma crónica neste dia é imprudente.

É que escrever neste dia é impropício, como tão bem explica Maya que nunca faz plásticas redondas numa sexta-feira, dia 13.




Uma coisa pode a cara leitora e o caro leitor fazer este serão, mas – atenção! - só depois da meia-noite. Antes de ir dormir, escreva um poema para o seu amor (ou escolha um de Eugénio ou de Drummond de Andrade).

É que amanhã já não é sexta-feira, dia 13.

Amanhã é dia de namoração.

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