El tamaño no importa*
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. Os dez anos de Durão Barroso na presidência da comissão europeia e, logo a seguir, a eleição de António Guterres como secretário-geral da ONU colocaram Portugal debaixo dos holofotes. Como é que um país tão pequeno consegue esta visibilidade mundial?
O El País, na semana passada, num artigo intitulado “Otro triunfo de la diplomacia portuguesa”, tenta explicar este sucesso diplomático com a maneira de ser lusa, com a “alma portuguesa”: a nossa “aversão ao confronto”, a “paciência”, o “respeito”. Este “português suave” é mais eficaz do que a “fúria espanhola”. Tem êxito, apesar do “tamaño”. Que, como se sabe, “no importa”.
2. Já descrevi aqui uma vez a sequência de enganos que pôs Durão Barroso na liderança da “Europa”. A cimeira da guerra do Iraque, entre Bush, Blair e Aznar, era para ser nas Bermudas só que o então primeiro-ministro espanhol não quis que uma decisão tão grave pudesse ser associada ou associável a “una prenda de vestir que no era precisamente la más adecuada” — as bermudas. Foi por isso que a cimeira aconteceu nas Lajes, e o anfitrião Barroso teve a oportunidade de servir os cafés e mostrar o seu jeito para línguas. Foi por isso que o funesto Tony Blair, no ano seguinte, o pôs em Bruxelas.
George W. Bush e Tony Blair deviam ser sentados no banco dos réus por causa da mentira das “armas de destruição maciça”. Barroso não. Servir cafés não é crime. Mas merece que se lembre: ele ficou a dever o seu lugar na “Europa” a umas “calças arregaçadas”.
3. António Guterres, pelo contrário, deve o seu lugar de secretário-geral da ONU à sua competência e ao bom trabalho que fez como Alto-Comissário para os Refugiados.
O lugar parecia destinado a uma mulher da Europa do Leste mas Guterres conseguiu um milagre — durante todo o processo, nunca a Rússia ameaçou usar o seu direito de veto, ao contrário do que a China fez em 2006 para impor Ban Ki-Moon.
O que terá motivado esta imobilidade de Vladimir Putin?
1. Os dez anos de Durão Barroso na presidência da comissão europeia e, logo a seguir, a eleição de António Guterres como secretário-geral da ONU colocaram Portugal debaixo dos holofotes. Como é que um país tão pequeno consegue esta visibilidade mundial?
Fotografia de Sérgio Azenha para o Público |
O El País, na semana passada, num artigo intitulado “Otro triunfo de la diplomacia portuguesa”, tenta explicar este sucesso diplomático com a maneira de ser lusa, com a “alma portuguesa”: a nossa “aversão ao confronto”, a “paciência”, o “respeito”. Este “português suave” é mais eficaz do que a “fúria espanhola”. Tem êxito, apesar do “tamaño”. Que, como se sabe, “no importa”.
2. Já descrevi aqui uma vez a sequência de enganos que pôs Durão Barroso na liderança da “Europa”. A cimeira da guerra do Iraque, entre Bush, Blair e Aznar, era para ser nas Bermudas só que o então primeiro-ministro espanhol não quis que uma decisão tão grave pudesse ser associada ou associável a “una prenda de vestir que no era precisamente la más adecuada” — as bermudas. Foi por isso que a cimeira aconteceu nas Lajes, e o anfitrião Barroso teve a oportunidade de servir os cafés e mostrar o seu jeito para línguas. Foi por isso que o funesto Tony Blair, no ano seguinte, o pôs em Bruxelas.
George W. Bush e Tony Blair deviam ser sentados no banco dos réus por causa da mentira das “armas de destruição maciça”. Barroso não. Servir cafés não é crime. Mas merece que se lembre: ele ficou a dever o seu lugar na “Europa” a umas “calças arregaçadas”.
3. António Guterres, pelo contrário, deve o seu lugar de secretário-geral da ONU à sua competência e ao bom trabalho que fez como Alto-Comissário para os Refugiados.
O lugar parecia destinado a uma mulher da Europa do Leste mas Guterres conseguiu um milagre — durante todo o processo, nunca a Rússia ameaçou usar o seu direito de veto, ao contrário do que a China fez em 2006 para impor Ban Ki-Moon.
O que terá motivado esta imobilidade de Vladimir Putin?
"GUTERRES NA ONU, MARCELO EM BELÉM.
ResponderEliminarO MUNDO GANHOU O PRÉMIO, PORTUGAL FICOU COM A FAVA!"
João Semedo