Política*
* Texto publicado há exactamente dez anos, em 15 de Setembro de 2006
1. Mesmo correndo o risco de perder imediatamente 80% dos leitores habituais, devo dizer que este Olho de Gato é dedicado à política nacional.
2. Muito aplaudidos e com a bênção do Presidente da República, José Sócrates e Marques Mendes acabam de assinar um pacto para a reforma da justiça.
Eu não aplaudo. O PS e o PSD devem assumir as suas diferenças sem complexos. Uma democracia precisa de alternativas claras, feitas debaixo do escrutínio público. O prestígio do Parlamento acaba de levar mais um tiro. Para que são precisos 230 deputados, se meia dúzia é que riscam, reunidos secretamente, em pequeno comité?
3. Contudo, depois do que aconteceu no caso Casa Pia, em que o país estarrecido percebeu o estado a que tinha chegado a Justiça, não fiquei nada admirado com esta reacção do poder político.
Num espectáculo desolador, ficou a saber-se que um cidadão pode ser detido sem ser informado de que factos em concreto é acusado. Soube-se, até, que um juiz desembargador, na altura número 1 da Judiciária, comentava pacatamente pormenores do processo com um jornalista.
4. Os portugueses vão ser chamados a pronunciarem-se em referendo sobre o que pensam da despenalização do aborto já em Janeiro (ou Fevereiro). Já daqui a pouquíssimos meses, portanto. Sobre este assunto está toda a gente a “assobiar para o lado”. O país parece desinteressado do problema.
Talvez seja bom lembrar um facto constitucional básico: se não votarem, pelo menos, 50% mais um dos eleitores, o referendo não vai servir para nada.
1. Mesmo correndo o risco de perder imediatamente 80% dos leitores habituais, devo dizer que este Olho de Gato é dedicado à política nacional.
2. Muito aplaudidos e com a bênção do Presidente da República, José Sócrates e Marques Mendes acabam de assinar um pacto para a reforma da justiça.
Eu não aplaudo. O PS e o PSD devem assumir as suas diferenças sem complexos. Uma democracia precisa de alternativas claras, feitas debaixo do escrutínio público. O prestígio do Parlamento acaba de levar mais um tiro. Para que são precisos 230 deputados, se meia dúzia é que riscam, reunidos secretamente, em pequeno comité?
3. Contudo, depois do que aconteceu no caso Casa Pia, em que o país estarrecido percebeu o estado a que tinha chegado a Justiça, não fiquei nada admirado com esta reacção do poder político.
Num espectáculo desolador, ficou a saber-se que um cidadão pode ser detido sem ser informado de que factos em concreto é acusado. Soube-se, até, que um juiz desembargador, na altura número 1 da Judiciária, comentava pacatamente pormenores do processo com um jornalista.
4. Os portugueses vão ser chamados a pronunciarem-se em referendo sobre o que pensam da despenalização do aborto já em Janeiro (ou Fevereiro). Já daqui a pouquíssimos meses, portanto. Sobre este assunto está toda a gente a “assobiar para o lado”. O país parece desinteressado do problema.
Talvez seja bom lembrar um facto constitucional básico: se não votarem, pelo menos, 50% mais um dos eleitores, o referendo não vai servir para nada.
Comentários
Enviar um comentário