A manif — um texto de JB
A 18 de…
Reconheço na CGTP uma força sindical forte, organizada e que foi (é) um baluarte fundamental na luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores.
Recentemente, só a mobilização, o empenho, a tenacidade e a luta dos seus dirigentes e associados conseguiu colocar um travão nos desmandos da direita pura e dura de Passos/Portas/Cavaco.
Vem esta introdução a propósito da manifestação de dia 18, encetada pela FENPROF, e em defesa da escola pública. É evidente que o patamar, de ambos os lados, já não é o ensino mas a ideologia, o papel do Estado, etc e tal... É evidente que o PCP não quer perder a oportunidade de continuar a ser o mobilizador número 1! É evidente que Bloco, PS, o grupo da Drago (nome?), e etc´s terão que estar presentes.
Aqui entra a minha divergência na oportunidade desta manifestação. Considero (politicamente) muito discutível a realização de uma manifestação sindical (ou da sociedade civil, como queiram…) em defesa do actual ministro. Na verdade, por vezes, fico com a ideia que Arménio Carlos tem uma folha Excel em que os sindicatos associados têm que cumprir cotas de manifestações ou greves, a realizar por ano.
Hoje a defesa do que se designa por «escola pública» é muito mais do que a relação com os operadores privados do setor, há aspectos relacionados com o modelo de gestão escolar, de transferência de competências, dos concursos de professores, ou da carreira docente sobre a qual não conhecemos qualquer opinião digna de nota, por parte do governo.
É uma evidência que a equipa ministerial da Educação tem mostrado vontade, determinação e tem um elemento de qualidade: é o caso de Alexandra Leitão.
Mas, é sabido que uma evidência não é absoluta garantia de extinção da polémica. Disso nos dá prova a ruidosa discussão a que se tem assistido em torno das escolas privadas e dos chamados contratos de associação.
O desinvestimento na escola pública e nos seus profissionais é notório e choca ainda mais os que olham perplexos para os poucos, e pouco fundamentados, defensores de grande parte dos colégios "privados". É que não se trata apenas de repor decência orçamental numa nódoa do Estado de direito, exige-se a recuperação dos caminhos democráticos, no mais amplo sentido, na organização da rede pública de escolas.
A direita de Passos Coelho e Nuno Crato fez da Educação um negócio ao serviço de entidades privadas. Essa opção político-ideológica também esteve bem patente no Ministério da Educação de Sócrates/Lurdes Rodrigues….!
“Pago impostos, tenho direito a escolher a escola dos meus filhos”, resume perfeitamente a confusão instalada no debate. Não. Não tem esse direito. Os impostos que pagamos são para manter um ensino público que garanta da melhor forma possível um princípio base das democracias europeias: a igualdade de oportunidades. Qualquer família é livre de escolher a escola dos filhos: pública e, portanto, gratuita; privada e, portanto, pagando as propinas devidas.
Qual seria a escola privada que estaria em condições de prestar o serviço de uma escola pública, por exemplo, num dos bairros mais pobres dos arredores de Lisboa, onde muitos dos alunos são de origem africana? Quem integra os ciganos? Quem admite qualquer cidadão a exame externo?
“Não somos escolas para meninos ricos nem para betinhos” (publico.pt) - Claro que não! O Doutor Zé Moinas, de Chelas, e o Engenheiro Jaquim Mãozinhas, da Cova da Moura, estudaram lá, como bem glosava um humorista.
"Cá não há misturas, é tudo boa gente!"; “Costa, rameira da esquerda”!! Que maravilha de palavras de ordem... Certamente espontâneas e de origem nas crianças de bibe amarelo.
Em conclusão: a causa é justa a defesa da Escola Pública é um dever de todos nós. Lamento é que continuemos a viver ao sabor de interesses: sejam privados, sejam grupos de pressão, sindicais, políticos, etc. Andar ao sabor de grupos de pressão não é, de certeza, boa ideia.
E frontalmente: entrar numa manifestação ao lado de Maria de Lurdes Rodrigues, seja por educação, limpeza das cidades, defesa dos trabalhadores da CM de Viseu ou do aumento das cotas leiteiras…NUNCA!
O eleitor um dia voltará a decidir, mas com a certeza de que se a direita voltar ao poder, vai financiar escolas privadas onde não é preciso, com o dinheiro do contribuinte, pois ficou patente que a direita considera alguns subsídios do Estado como benéficos.
Nada é impossível quando verdadeiramente se crê e a Educação não é negócio!
Eppur si muove….
PS: Para que conste - apoio a “geringonça” mas, como dizia Zeca Afonso: “gosto de ser o meu próprio comité central”.
Reconheço na CGTP uma força sindical forte, organizada e que foi (é) um baluarte fundamental na luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores.
Recentemente, só a mobilização, o empenho, a tenacidade e a luta dos seus dirigentes e associados conseguiu colocar um travão nos desmandos da direita pura e dura de Passos/Portas/Cavaco.
Vem esta introdução a propósito da manifestação de dia 18, encetada pela FENPROF, e em defesa da escola pública. É evidente que o patamar, de ambos os lados, já não é o ensino mas a ideologia, o papel do Estado, etc e tal... É evidente que o PCP não quer perder a oportunidade de continuar a ser o mobilizador número 1! É evidente que Bloco, PS, o grupo da Drago (nome?), e etc´s terão que estar presentes.
Aqui entra a minha divergência na oportunidade desta manifestação. Considero (politicamente) muito discutível a realização de uma manifestação sindical (ou da sociedade civil, como queiram…) em defesa do actual ministro. Na verdade, por vezes, fico com a ideia que Arménio Carlos tem uma folha Excel em que os sindicatos associados têm que cumprir cotas de manifestações ou greves, a realizar por ano.
Hoje a defesa do que se designa por «escola pública» é muito mais do que a relação com os operadores privados do setor, há aspectos relacionados com o modelo de gestão escolar, de transferência de competências, dos concursos de professores, ou da carreira docente sobre a qual não conhecemos qualquer opinião digna de nota, por parte do governo.
É uma evidência que a equipa ministerial da Educação tem mostrado vontade, determinação e tem um elemento de qualidade: é o caso de Alexandra Leitão.
Mas, é sabido que uma evidência não é absoluta garantia de extinção da polémica. Disso nos dá prova a ruidosa discussão a que se tem assistido em torno das escolas privadas e dos chamados contratos de associação.
O desinvestimento na escola pública e nos seus profissionais é notório e choca ainda mais os que olham perplexos para os poucos, e pouco fundamentados, defensores de grande parte dos colégios "privados". É que não se trata apenas de repor decência orçamental numa nódoa do Estado de direito, exige-se a recuperação dos caminhos democráticos, no mais amplo sentido, na organização da rede pública de escolas.
A direita de Passos Coelho e Nuno Crato fez da Educação um negócio ao serviço de entidades privadas. Essa opção político-ideológica também esteve bem patente no Ministério da Educação de Sócrates/Lurdes Rodrigues….!
“Pago impostos, tenho direito a escolher a escola dos meus filhos”, resume perfeitamente a confusão instalada no debate. Não. Não tem esse direito. Os impostos que pagamos são para manter um ensino público que garanta da melhor forma possível um princípio base das democracias europeias: a igualdade de oportunidades. Qualquer família é livre de escolher a escola dos filhos: pública e, portanto, gratuita; privada e, portanto, pagando as propinas devidas.
Qual seria a escola privada que estaria em condições de prestar o serviço de uma escola pública, por exemplo, num dos bairros mais pobres dos arredores de Lisboa, onde muitos dos alunos são de origem africana? Quem integra os ciganos? Quem admite qualquer cidadão a exame externo?
“Não somos escolas para meninos ricos nem para betinhos” (publico.pt) - Claro que não! O Doutor Zé Moinas, de Chelas, e o Engenheiro Jaquim Mãozinhas, da Cova da Moura, estudaram lá, como bem glosava um humorista.
"Cá não há misturas, é tudo boa gente!"; “Costa, rameira da esquerda”!! Que maravilha de palavras de ordem... Certamente espontâneas e de origem nas crianças de bibe amarelo.
Em conclusão: a causa é justa a defesa da Escola Pública é um dever de todos nós. Lamento é que continuemos a viver ao sabor de interesses: sejam privados, sejam grupos de pressão, sindicais, políticos, etc. Andar ao sabor de grupos de pressão não é, de certeza, boa ideia.
E frontalmente: entrar numa manifestação ao lado de Maria de Lurdes Rodrigues, seja por educação, limpeza das cidades, defesa dos trabalhadores da CM de Viseu ou do aumento das cotas leiteiras…NUNCA!
O eleitor um dia voltará a decidir, mas com a certeza de que se a direita voltar ao poder, vai financiar escolas privadas onde não é preciso, com o dinheiro do contribuinte, pois ficou patente que a direita considera alguns subsídios do Estado como benéficos.
Nada é impossível quando verdadeiramente se crê e a Educação não é negócio!
Eppur si muove….
JB
PS: Para que conste - apoio a “geringonça” mas, como dizia Zeca Afonso: “gosto de ser o meu próprio comité central”.
Embora não sendo de Viseu, acompanho seu blogue, pois é uma referência de liberdade estética, o que quer que seja esse conceito. É um espaço sério e plural.
ResponderEliminarA pessoa que se identifica como JB pode de ser de esquerda ou de direita, mas seguramente não é seguidista de ninguém. Tem a frontalidade de dizer as verdades.
Por isso o seu blogue é um espaço de liberdade estética.
Muito obrigado, Rui Monteiro, pelas suas palavras.
ResponderEliminarO JB é um professor de esquerda.
Já foi muito activista, agora bem tanto, é bom ele vir aqui muitas vezes.
Cumprimentos
Ontem estive em Lisboa e com muito orgulho, na defesa da Constituição e da escola pública. Estivemos milhares de cidadãos e foi um momento de luta muito importante. Há quem goste de ficar no sofá a escrever na internet.
ResponderEliminarCom sua licença, Sandra Gouveia, gosta de esclarecer o seguinte:
ResponderEliminar1.Na sua edição da Constituição Portuguesa devem faltar páginas. Na verdade a Sandra exerceu o direito de se manifestar publicamente e eu exerci o direito de me manifestar por escrito.
2.Fez uma leitura rápida e na diagonal do meu texto, pois em momento algum há um ataque à escola pública.
3.Se a Sandra fizesse uma análise política, e não emotiva, da manifestação concluiria que tinha tudo para não dar certo. Na verdade, quais são os títulos da imprensa de domingo? Comparação do número de manifestantes….! Era o óbvio.
4.Politicamente, a manifestação foi um erro e é esse o objectivo do meu texto.
5.Quanto ao sofá, maple ou banco de cozinha, apenas lhe digo que gosto muito gosto de escolher onde me sentar; o que pensar; o que defender; o que criticar…etc. Isso é LIBERDADE!