Os arquitectos super-estrelas #2*
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
Este texto é um número dois. O primeiro foi publicado neste jornal em 2002. Ambos tratam do Mercado 2 de Maio, a obra mal-amada de Siza Vieira em Viseu.
Nestes treze anos, Siza Vieira fez lá apenas duas alterações: substituiu o saibro inicial da Praça das Magnólias por um granito horroroso e protegeu os “regos” de água, umas armadilhas sádicas onde as pessoas molhavam os pés e se aleijavam.
Deva-se dizer que as coisas não correram bem naquele espaço porque nunca houve para lá um bom projecto comercial e de animação. Aquele “hardware” funciona mal e tem uma estética baça e banal, mas foi, acima de tudo, o “software” que falhou ali.
No texto de 2002 critiquei a mania dos autarcas em se armarem em mecenas com os dinheiros públicos e fazerem convites sem nenhuma espécie de escrutínio a arquitectos de renome. Recordo um parágrafo dessa crónica: “perdeu-se o hábito de lançar concursos de ideias, abertos a todos os arquitectos, nacionais e internacionais, e é pena. É nessa fase que a participação pública democrática, dos especialistas e dos cidadãos, faz o máximo sentido e não quando tudo o que é relevante já está decidido.”
Chegados aqui, importa cumprimentar António Almeida Henriques por ter lançado este ano um concurso de ideias para o Mercado 2 de Maio e pela consulta pública que está a decorrer.
Estive na apresentação dos três projectos premiados e gostei especialmente do primeiro classificado, da autoria de João Pedro Coelho Loureiro: (i) é abrasivo: mexe sem complexos nem reverências no instalado; (ii) é paradoxal: apesar da cobertura, não fecha, pelo contrário, deixa respirar a praça para a Rua Formosa e a Rua Chão do Mestre; (iii) é unificador: de duas áreas a cotas diferentes faz uma; (iv) é ousado: cria uma imagem visual forte.
Fica aqui este contributo. Era bom que houvesse uma boa participação dos viseenses neste debate. Depois, seguir-se-á a não-endossável deliberação e decisão política dos eleitos.
Este texto é um número dois. O primeiro foi publicado neste jornal em 2002. Ambos tratam do Mercado 2 de Maio, a obra mal-amada de Siza Vieira em Viseu.
Fotografia Olho de Gato |
Nestes treze anos, Siza Vieira fez lá apenas duas alterações: substituiu o saibro inicial da Praça das Magnólias por um granito horroroso e protegeu os “regos” de água, umas armadilhas sádicas onde as pessoas molhavam os pés e se aleijavam.
Deva-se dizer que as coisas não correram bem naquele espaço porque nunca houve para lá um bom projecto comercial e de animação. Aquele “hardware” funciona mal e tem uma estética baça e banal, mas foi, acima de tudo, o “software” que falhou ali.
No texto de 2002 critiquei a mania dos autarcas em se armarem em mecenas com os dinheiros públicos e fazerem convites sem nenhuma espécie de escrutínio a arquitectos de renome. Recordo um parágrafo dessa crónica: “perdeu-se o hábito de lançar concursos de ideias, abertos a todos os arquitectos, nacionais e internacionais, e é pena. É nessa fase que a participação pública democrática, dos especialistas e dos cidadãos, faz o máximo sentido e não quando tudo o que é relevante já está decidido.”
Chegados aqui, importa cumprimentar António Almeida Henriques por ter lançado este ano um concurso de ideias para o Mercado 2 de Maio e pela consulta pública que está a decorrer.
Estive na apresentação dos três projectos premiados e gostei especialmente do primeiro classificado, da autoria de João Pedro Coelho Loureiro: (i) é abrasivo: mexe sem complexos nem reverências no instalado; (ii) é paradoxal: apesar da cobertura, não fecha, pelo contrário, deixa respirar a praça para a Rua Formosa e a Rua Chão do Mestre; (iii) é unificador: de duas áreas a cotas diferentes faz uma; (iv) é ousado: cria uma imagem visual forte.
Fica aqui este contributo. Era bom que houvesse uma boa participação dos viseenses neste debate. Depois, seguir-se-á a não-endossável deliberação e decisão política dos eleitos.
Há méritos em todas as propostas. E não apenas nas 3 seleccionadas!
ResponderEliminarPessoalmente acredito que a conjugação de soluções permitiria optimizar o resultado final.
Sim, as outras duas que vi apresentar também têm méritos sem dúvida, com os seus cuidados na reversibilidade, na sustentabilidade e nos custos.
EliminarHaja um debate com argumentos e construtivo.
Este foi o meu contributo.