Vejo que nem um Breve Engano Posso TerQuando de minhas mágoas a comprida Maginação os olhos me adormece, Em sonhos aquela alma me aparece, Que para mi foi sonho nesta vida.
Lá numa soidade, onde estendida A vista por o campo desfalece, Corro após ela; e ela então parece Que mais de mi se alonga, compelida.
Brado: − Não me fujais, sombra benina. − Ela (os olhos em mi c'um brando pejo, Como quem diz que já não pode ser)
Torna a fugir-me; torno a bradar: − Dina... E antes que diga mene, acordo, e vejo Que nem um breve engano posso ter.
Vejo que nem um Breve Engano Posso TerQuando de minhas mágoas a comprida
ResponderEliminarMaginação os olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece,
Que para mi foi sonho nesta vida.
Lá numa soidade, onde estendida
A vista por o campo desfalece,
Corro após ela; e ela então parece
Que mais de mi se alonga, compelida.
Brado: − Não me fujais, sombra benina. −
Ela (os olhos em mi c'um brando pejo,
Como quem diz que já não pode ser)
Torna a fugir-me; torno a bradar: − Dina...
E antes que diga mene, acordo, e vejo
Que nem um breve engano posso ter.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
Obrigado!
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