Estatística

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 2 de Abril de 2010


1. A estatística é, por definição, a ciência do estado. O estado tem obrigação de recolher informação, de a processar e a tornar acessível aos cidadãos que a pagam através dos seus impostos.

Ao menos nesta matéria era bom que o estado fosse pessoa de bem. Estatísticas claras e acessíveis são indispensáveis para as pessoas e as instituições tomarem decisões fundamentadas.

Infelizmente, a recolha e processamento de informação em Portugal é opaca, tem metodologias instáveis e qualquer tiranete instalado faz caixinha ou propaganda com ela. O caso de Maria de Lurdes Rodrigues na educação foi assustador. A nova ministra tem que trabalhar muito para se poder tornar a acreditar num número saído do ministério da educação.

Repito: a estatística é a ciência do estado mas do estado não vêm boas notícias, vêm é da iniciativa privada. Há agora na internet dados acessíveis a todos. É a “Pordata, Base de Dados de Portugal Contemporâneo”, uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos com direcção científica de António Barreto.

A Pordata merece um particular aplauso já que mostra capital português com responsabilidade social. Isso é, infelizmente, muito raro.

2. A Zunzum foi fazer “Os Emigrantes”, do polaco Slawomir Mrozek a uma terra de emigrantes - Vila Nova de Paiva.

Pedro Coutinho — imagem daqui
No palco, Paulo Matos e Pedro Coutinho - o exilado e o operário – fazem um duelo cerrado, violento, claustrofóbico, em que o primeiro testa o conformismo do segundo até ao limite – como se fosse possível fazer de alguém o “escravo perfeito”.

Ora, conformista pode ser o que fica, nunca o que emigra. O emigrante leva na mala o “animal que espeta os cornos no destino”, como dizia Natália Correia.

Esta peça, encenada por André Cardoso, vai estar em S. Pedro do Sul a 8 de Maio. Imperdível.

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