Em silêncio conversemos

Fotografia de Mario Testino



Que fazer deste ser
sem prumo
despencado do extremo de um dia e
que o sono não recolheu?

Não não indaguemos
Para quê indagar matéria de silêncio
Procurar a nenhuma razão que nos explique
e suavemente nos envolva
em suas turvas paredes protectoras

Nada de perguntas
A campânula rompeu-se
O instante nos ofusca

A quem sobra olhos resta ver
um ser nu a vida pouca
Só dentes e sapatos
de volta para casa

Nem um passo à frente
ou atrás
De pés firmes
o corpo oscilante
neste suave embalo da mágoa
descansemos
Francisco Alvim


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