Pau e cenoura*

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro


Daniel H. Pink é um aclamado conferencista. Acham-se vídeos dele notáveis na internet.

Ele não se cansa de divulgar um estudo feito inicialmente com um grupo de alunos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Foram distribuídas aos estudantes tarefas com três níveis de recompensa: execução suficiente, pequeno prémio em dinheiro; execução mediana, mediana quantia; execução muito boa, muito boa quantia.

Eis o que aconteceu: em tarefas mecânicas ou pouco sofisticadas, o esperável, quanto maior o prémio melhor o desempenho. Já em tarefas que exigiam criatividade o resultado foi uma surpresa — quanto maior o prémio pior o desempenho.

Este estudo — financiado pela capitalista Reserva Federal - obteve os mesmos resultados “socialistas” tanto no MIT como, depois, em Madurai, numa zona rural da Índia.

Em “tarefas do século XX”, repetitivas e rotineiras, as motivações externas funcionam bem: “se” não te aplicares “então” levas zero; “se” te aplicares “então” és premiado. Já em “tarefas do século XXI”, que exigem capacidades cognitivas elevadas, importa mais a motivação interior.

O pensamento económico precisa de incorporar este facto: o “se... então” ou, dito de outra maneira, o habitual “pau e cenoura” estreita o pensamento e prejudica a criatividade.

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