Paraíso *
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 4 de Dezembro de 2009
N 40.74817; W 8.04267.
Estas são as coordenadas do Paraíso. É na N16. Viseu - S. Pedro Sul. O Paraíso fica antes de S. Pedro do Sul. Não há que errar. O Paraíso tem placa rodoviária.
Eu já estive no Paraíso. George Clooney também. Mas noutro Paraíso, bem entendido.
O Paraíso de George Clooney é todo branco. Para se lá chegar – ao Paraíso de George Clooney – é preciso subir uma escada muito, muito branca e muito, muito íngreme. Tantos demasiados degraus brancos.
Subir a escada branca do Paraíso é um inferno. Ao menos se se ouvisse, durante aquela escalada, o “Stairway to Heaven” dos Led Zeppelin. Mas nada, silêncio branco, degraus brancos, custosos, muitos, muito brancos.
Ainda por cima, apesar da fadiga de todo aquele para cima, a pesar no braço um saco de compras e nele uma máquina da Nespresso. Um tropeço aquela subida branca. Um cansaço extenuado.
George Clooney não concorda nada com aquilo. Ainda não é o tempo dele. Ainda não é o tempo de ele ir para o Paraíso. Ele não quer o Paraíso lá de cima. Ele tem o paraíso cá em baixo. Tanta mulher a olhar para ele cá em baixo. Tanto paraíso cá em baixo.
Perante o facto consumado, que fazer? Lá, no cimo, de branco como os brancos degraus, John Malkovitch, porteiro do Paraíso:
«Olá, George!»
«Onde é que estou eu?»
«Não é difícil de adivinhares…»
«Ainda não é o meu tempo…»
John Malkovitch, a olhar um olhar significativo para o saco com a máquina de café, atira:
«Talvez nós pudéssemos chegar a um acordo…»
Pois.
Há tráfico de influências no Paraíso.
Nota de culpa: eu arguido me confesso, a ideia deste triângulo — John Malkovitch / George Clooney / “tráfico de influências” — vi-a eu a um dos 344 génios que sigo no Twitter. Qual deles foi? Já não sou capaz de dizer.
N 40.74817; W 8.04267.
Estas são as coordenadas do Paraíso. É na N16. Viseu - S. Pedro Sul. O Paraíso fica antes de S. Pedro do Sul. Não há que errar. O Paraíso tem placa rodoviária.
Eu já estive no Paraíso. George Clooney também. Mas noutro Paraíso, bem entendido.
O Paraíso de George Clooney é todo branco. Para se lá chegar – ao Paraíso de George Clooney – é preciso subir uma escada muito, muito branca e muito, muito íngreme. Tantos demasiados degraus brancos.
Subir a escada branca do Paraíso é um inferno. Ao menos se se ouvisse, durante aquela escalada, o “Stairway to Heaven” dos Led Zeppelin. Mas nada, silêncio branco, degraus brancos, custosos, muitos, muito brancos.
Ainda por cima, apesar da fadiga de todo aquele para cima, a pesar no braço um saco de compras e nele uma máquina da Nespresso. Um tropeço aquela subida branca. Um cansaço extenuado.
George Clooney não concorda nada com aquilo. Ainda não é o tempo dele. Ainda não é o tempo de ele ir para o Paraíso. Ele não quer o Paraíso lá de cima. Ele tem o paraíso cá em baixo. Tanta mulher a olhar para ele cá em baixo. Tanto paraíso cá em baixo.
Perante o facto consumado, que fazer? Lá, no cimo, de branco como os brancos degraus, John Malkovitch, porteiro do Paraíso:
«Olá, George!»
«Onde é que estou eu?»
«Não é difícil de adivinhares…»
«Ainda não é o meu tempo…»
John Malkovitch, a olhar um olhar significativo para o saco com a máquina de café, atira:
«Talvez nós pudéssemos chegar a um acordo…»
Pois.
Há tráfico de influências no Paraíso.
Nota de culpa: eu arguido me confesso, a ideia deste triângulo — John Malkovitch / George Clooney / “tráfico de influências” — vi-a eu a um dos 344 génios que sigo no Twitter. Qual deles foi? Já não sou capaz de dizer.
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