Cimento cultural

Caro Miguel Fernandes, gostei dessa sua volta pelo bocejo da excepção cultural francesa para, depois e a partir dele, tentar destratar Manuel Maria Carrilho.

Não concordo nada consigo quando afirma que "não tivemos muitos Ministros da Cultura".
 
 Ao contrário do que diz, houve muitos, o melhor deles, de longe, foi  Manuel Maria Carrilho, e só mais um deles merece ser lembrado pelo nome — Francisco Lucas Pires.

Tendo a concordar consigo: temos tido demasiada política-cultural-enquanto-empreitada. Coisa fatal a semear cimento sem vida dentro por esse país fora. 

Mas, para além desse problema histórico que merecerá todo o interesse e exaustivo balanço (lembro por exemplo o atraso colmatado com sucesso em poucos anos na nossa rede de leitura), há que nos colocarmos no presente, há que olharmos para a campanha autárquica em curso.

Devo-lhe dizer que estou muito preocupado com o seu dilema, caro Miguel Fernandes:
se não o vejo a votar em António Almeida Henriques (enquanto a grandiloquente citação de Al Berto é boa, já os plágios ao Festival de Avignon são pouco inspirados), também não o estou a ver votar no empreiteiro Hélder Amaral (a ideia da casa da cultura é demasiado cimento para o seu gosto).

Vai uma conversa em Setembro sobre o assunto?

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