O homem do martelo *

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro



Imagem daqui
 1. Usando-se a muito conhecida intuição de Abraham Maslow, se “para o homem do martelo todos os problemas são pregos”, já para o homem da política todos os problemas são propaganda. 

Todo o político promove espaventosos “lançamentos da primeira pedra” para jornalistas e “forças vivas”, todo o político inventa momentos intermédios para chouriços noticiosos e todo o político atinge o nirvana numa luzidia inauguração.
     A “obra” do político tem que ser dada a conhecer. Com trompetas de preferência. Disso não vem nenhum mal ao mundo em 99% dos casos.
     Só que... há o tal 1% de excepção. Um “só que” destes aconteceu em Viseu no dia 13 de Fevereiro. Nesse dia, o dr. Ruas decidiu fazer propaganda com a aquisição de uma casa para abrigo de vítimas de violência doméstica. A operação de relações públicas correu bem, a notícia saiu em todos os media, saiu até nas televisões, saiu até aqui no Jornal do Centro, mas o problema é que... não devia ter saído. Não devia ter saído e muito menos a localização da casa para aquelas pessoas em risco. Elas a última coisa que precisam é que se saiba — que os agressores saibam - onde estão a viver.
     Convém reter esta ideia, dr. Ruas: o social é uma “bricolagem” muito melindrosa. Com ele, o método do martelo e do prego não é coisa boa.

     2. É “as mãos de um preto são mais claras que o resto do corpo”. É o “o destino inexorável das tílias...” sussurrado pelo actor José Rui Martins enquanto se ouve a flauta e o cantar de Luísa Vieira. É a nossa língua a viajar nos trópicos a falar dos “ninguéns” dos que “não são seres humanos, são recursos humanos”. É o público às gargalhadas a dizer “boi!”, numa “boi-noite!” inesquecível... 


     Falo do divertidíssimo “20 Dizer”, um espectáculo “portátil” da Acert que cabe em todos os sítios. E merece ir a todos os sítios. Amanhã vai estar na “Sala de Ser”, em Marzovelos.

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