"Às turras com a democracia"

     Já aqui foi dito várias vezes: a terceira república está doente, precisa de entrar em obras, ou se reforma e adapta ou corre o risco de romper.
     Pedro Passos Coelho e António José Seguro podiam e deviam ter feito isso já que têm, no parlamento, os 2/3 de votos necessários para desbloquear um sistema partidocrático caduco, que desconfia dos cidadãos e tem medo deles.
      PPC e AJS dormiram na forma, sinal que não são estadistas; agora, depois do episódio TSU em Setembro, e do aumento evidente da febre social, já não há hipóteses deles consensualizarem o que quer que seja.
     Os nossos sarilhos são triplos:
      1. As instituições não respondem, se o governo cair haverá um governo PS-CDS ou PS-PSD-CDS, esse governo continuará a aumentar impostos, a ser centralista, terá mentido com quantos dentes tem durante a campanha, e fará exactamente o que os credores quiserem que ele faça quando chegar ao poder;
será um governo fraco como este de PPC e as pessoas vão continuar "às turras com a democracia", como titula o Expresso num artigo de onde se tiram as imagens para este post:

     2. Se as instituições não respondem e essa era a sua obrigação, a "rua" que se está a mexer em força outra vez e nem sempre bem (por muito que as redes sociais estejam a deitar foguetes, ontem o que foi feito ao doutor Relvas é errado), a "rua" precisa depois de canalizar as energias para soluções de poder, soluções institucionais — ora, para isso, eram precisos novos partidos, partidos cujo crescimento eleitoral assustasse os cinco partidos instalados confortavelmente na mesmice que nos trouxe a este pântano. Só novos partidos com força é que poderão insuflar o novo nos partidos velhos, e trazer sangue novo à terceira república.
     3. As instituições da terceira república não respondem, a "rua" com a sua generosidade, com a sua exasperação, com os seus erros e com a sua impotência - também não responde; mas o sarilho ainda é maior— é que todo o político que tem roubado o futuro aos nossos filhos e aos nossos netos sabe que nunca será preso, sabe que será sempre "isaltinado".
     O problema número 1, número 2, número 3, número 4, número 5 da terceira república é a justiça, aliás, a falta dela, e as pessoas sabem muito bem isso:

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