Underground *
* Crónica publicada no Jornal do Centro em 23 de Maio de 2008
A cave tinha televisão e Elisabeth tinha muito tempo para gastar.
1. Belgrado. Segunda Guerra Mundial. Marko e Blacky, amigos inseparáveis, vão tratando do canastro aos alemães que ocupam o seu país. Blacky é perseguido pelos nazis. Esconde-se numa cave acompanhado por um grupo grande. Aí ficam todos literalmente soterrados, com um único contacto com o exterior: Marko. À superfície, prossegue a guerra de libertação; no subterrâneo, aquela gente, dirigida com mão de ferro por Blacky, produz armas.
Quando os alemães são expulsos da Jugoslávia, Marko não diz nada aos de baixo. Ano após ano mantém o grupo na cave. Nem de seu irmão Ivan, que também lá está, tem pena. Eles julgam que a guerra continua. Ficam assim no escuro, como na Alegoria da Caverna de Platão, num mundo paralelo, em que o “real” e a “ficção” trocaram de lugar.
Esta é a história de Underground, um filme de Emir Kusturica, que ganhou uma mais que merecida Palma de Ouro em Cannes, em 1995.
É muito provável que Elisabeth Fritzl, que foi enclausurada numa cave pelo seu próprio pai durante 24 anos, tenha visto Underground.
A cave tinha televisão e Elisabeth tinha muito tempo para gastar.
Que terá pensado ela enquanto via Underground?
2. Barack Obama: “Não podemos guiar os nossos SUV, comer tanto quanto nos apetece, manter as nossas casas sempre, a todas as horas, nos 22ºC… e depois esperar que os outros países venham dizer ok.”
John Edwards: “Temos que ser contra a ganância das multinacionais.” Para mim, era este o “ticket” ideal: Obama, a presidente; Edwards a vice.
De qualquer forma, quer ganhe Obama, quer ganhe McCain, uma coisa boa vai acontecer: sai da Casa Branca o pior presidente da história dos Estados Unidos.
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