Guiné-Bissau*
* Este texto foi publicado no Jornal do Centro em 30 de Maio de 2008 e a sua edição aqui não é motivada pelas notícias nos media de hoje
A edição
do último domingo do Washington Post trazia uma reportagem sobre a Guiné-Bissau intitulada a “Rota do Mal”. Conforme conta Kevin
Sullivan, a situação daquele país lusófono é catastrófica. A
Guiné está à beira de se tornar um narco-estado dominado pelos
cartéis colombianos.
A cocaína
“viaja” cada vez mais para a Europa por causa da valorização da
libra e do euro. Há muita procura em Inglaterra, Espanha e Itália.
Em Londres, Madrid ou Milão os preços do “pó branco” são o
dobro dos praticados em Nova York ou San Francisco. Sem surpresa,
percebe-se que o comércio dos estupefacientes segue as regras da
economia global.
A Guiné
ocupa o antepenúltimo lugar do Índice de Desenvolvimento Humano da
ONU. A maioria das pessoas não tem água nem electricidade. O país
tem 63 agentes de investigação mas mais de metade nem arma tem. Os
prisioneiros dormem num edifício decrépito a que se chama prisão;
sair ou ficar depende deles.
Apesar deste
cenário, na rua vêem-se Porshes e BMWs luzidios. Os carros são
pagos nos stands com dinheiro vivo. Quando um traficante é
incomodado, o juiz liberta-o. Os jornalistas ou se calam ou levam um
tiro. É a economia da cocaína a funcionar.
A droga é
largada nas várias ilhas da Guiné-Bissau. Depois, pequenos aviões
e “mulas” transportam o produto para a Europa. Em Amsterdão, só
num voo proveniente de Bissau, foram apanhadas 32 pessoas com cocaína
escondida no corpo.
Não há que
errar: Portugal vai ser afectado pela existência deste entreposto de
cocaína a funcionar num PALOP. É preciso ajudar a Guiné-Bissau a
construir a autoridade do estado. Para já, ainda deve ser só um
caso de polícia. No futuro, se nada for feito, pode vir a ser um
caso militar.
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