Sequelas, prequelas, sagas, magas*

 * Hoje no Jornal do Centro

1. Nesta altura do ano ver filmes é uma boa maneira de nos protegermos do frio e das pequenas, médias e grandes tempestades. Foi para me abrigar da desta semana, da Garoé, que fui ver o “Ainda Estou Aqui”, um filme de Walter Salles que conta uma história real do tempo da ditadura militar brasileira: a prisão e desaparecimento de Rubens Paiva. 


Os primeiros minutos do filme descrevem a felicidade e a harmonia da família Paiva através de uma gramática visual televisiva, quase de videoclipe, com uma montagem convulsiva, feita de planos curtos e muito fechados, em cima dos corpos dos actores. A seguir à prisão de Rubens, o filme adultiza-se, cresce, densifica, a câmara fica mais quieta e a narrativa é entregue à protagonista, a enorme Fernanda Torres, num papel inesquecível. 

Muito antes de se saber que ela tinha ganho o Globo de Ouro para a Melhor Actriz em Drama já o Cine Clube de Viseu tinha programado esta obra-prima para o dia 20 de Fevereiro. Não perca.


2. Filmes campeões de receitas em 2024: (i) “Divertida-Mente 2”; (ii) “Deadpool & Wolverine”; (iii) “Vaiana 2”; (iv) “Gru - O Maldisposto 4”; (v) “Dune-Duna: Parte Dois”; (vi) “Wicked”; (vii) “Mufasa: O Rei Leão”; (viii) “Godzilla x Kong: O Novo Império”; (ix) “Kung Fu Panda 4”; (x) “Venom: A Última Dança”. Repare-se: oito destes filmes são sequelas, um é uma prequela (Mufasa: O Rei Leão) e Wicked já tem anunciada a parte 2. 

Hollywood é uma fábrica de remakes. Esta regurgitação das mesmas histórias e dos mesmos heróis é uma chateza. Que dá dinheiro. No El País, Eneko Ruiz Jiménez e Montse Hidalgo Pérez designaram este loop criativo como “el cine de las sagas infinitas”.


3. No início desta semana, em Washington, foi lançada a saga, perdão, a maga “Trump: Parte 2”.

Durante a maga “Trump: Parte 1”, a “Europa” não correu riscos de se partir, esteve unida contra a pandemia e, depois de 2022, contra a invasão russa da Ucrânia.

Agora, tanto “Putin: Parte 6” como “Trump: Parte 2” (mais Elon Musk com o seu X), inimigos declarados da UE, vão trabalhar para que haja mais “exits”. Passa a haver um risco existencial em todas as eleições. A primeira delas é já a 23 de Fevereiro, na Alemanha.

Comentários

Mensagens populares