Bye-bye, mr. Biden! *
* Hoje no Jornal do Centro
Joe Biden está a três dias de deixar a Casa Branca. Esta crónica é para lhe dizer adeus, mas comecemos por lembrar o dia da sua tomada de posse e a leitura que uma jovem poeta negra, Amanda Gorman, fez de “The hill we climb — A montanha que subimos”, um poema onde se descreveu como “uma negra magrinha, descendente de escravos e criada por uma mãe solteira, a poder sonhar ser presidente, apenas por se descobrir recitando para um.”
Há quatro anos, com as palavras encantatórias e o casaco amarelo de Amanda, acendia-se um raio de luz nos Estados Unidos e no mundo. Havia uma montanha de esperança para subir. Não era caso para menos: Joe Biden (a quem uma vez chamei aqui um “velho decente”) sucedia a Donald Trump (a quem uma vez chamei aqui um “velho amoral”). Depois dos quatro anos caóticos do primeiro mandato trumpista, parecia que a “América” ia regressar aos carris. Tal não aconteceu. Muito pelo contrário.
Joe Biden falhou em toda a linha. A começar pela Ucrânia que tratou “como uma crise para ser gerida e não uma guerra para ser ganha”. Essa é a tese principal de um ensaio de Philips Payson O’Brien publicado na Atlantic no final de Novembro, intitulado “Como Biden fez uma confusão na Ucrânia”.
Joe Biden encheu a Casa Branca de “génios” vindos das universidades da Ivy League. Todos péssimos, a começar pelo conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, em quem Biden julgou ver um “intelecto único numa geração”.
Fotografia de Drew Angerer/Getty Images, editada a partir daqui |
Ainda bem que aquele “intelecto” é “único”. Não se sabe se o mundo aguentaria mais “intelectos” iguais àquele. O homem passou a vida a atar as mãos e os pés dos ucranianos. Todos os fornecimentos militares àquele país martirizado chegaram sempre tarde e com restrições de uso.
Resultado: a fraqueza de Biden contribuiu para a formação de uma aliança anti-ocidental de autocratas, que inclui o Irão, a Coreia do Norte, a Rússia e a China, que se está a esparramar por aquilo que agora se chama o Sul global.
Joe Biden não esteve à altura das circunstâncias. Ao contrário do que julguei, não foi “um velho decente”. Até isentou o filho dos seus sarilhos com a justiça. Deixa os Estados Unidos entregues à barbárie trumpista e um mundo muito mais perigoso do que encontrou há quatro anos. Bye-bye!
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