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* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 24 de Outubro de 2014

Este é o quingentésimo "Olho de Gato". Redondo número.


ONG 

Como explica Moisés Naím em "O Fim do Poder", à medida que o activismo político foi perdendo apelo, enredado que está na corrupção, no cinzentismo e na decadência, as Organizações Não Governamentais têm crescido em influência e importância planetária.

Os seus objectivos são mais claros e a sua organização é muito menos hierárquica e mais próxima dos seus membros. Estes sabem se pertencem a uma Ong filantrópica, ou ambiental, ou política, ou sanitária, ou..., e sabem fazer lobby e usar os media e as redes para imporem a sua agenda.

Em Portugal, para dar um exemplo, o Banco Alimentar Contra a Fome mantém uma extraordinária capacidade de mobilização. Apesar das asneiras que pendularmente Isabel Jonet expele pela boca fora, as pessoas percebem que o Banco Alimentar faz o que nunca nenhuma burocracia social do estado fará. E procedem em conformidade.


GONGO

As Gongo são "organizações não governamentais organizadas pelos governos", são um "faz-de-conta" usado pelos governos para tirarem partido da popularidade das Ong.

Um exemplo é a “Chiyoda - Associação Geral dos Residentes Coreanos”, sediada no centro de Tóquio, com 150 mil membros, dona de dezenas de escolas, uma universidade, várias empresas (até bancos), e que também... emite passaportes da Coreia do Norte, país que não tem relações diplomáticas com o Japão.


BONGO

Já o "Centro Português Para a Cooperação — CPPC", fundado por Pedro Passos Coelho em 1996 e pago pela Tecnoforma, não foi uma criação da sociedade civil como é uma Ong, nem uma criação de um governo como é uma Gongo.

O CPPC, que não tinha problemas de dinheiro, era, isso é certo, um "faz-de-conta" interessado no "sabor da selva" africana. 

À falta de melhor, chamemos-lhe uma Bongo.

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