Clima mediático, vale mais tarde do que nunca e mudança de tarecos*

* No Jornal do Centro aqui

1. A protecção civil emite cada vez mais alertas de perigo às populações que, depois, como é sua obrigação, são repicados pela comunicação social. O problema é que os talk-shows das televisões, sempre em défice de assunto, sempre à beira de um ataque de nervos, mal vêem um avisosito amarelo, mandam logo para as ruas repórteres a emboscarem transeuntes: “que acha desta vaga de calor?”, “que pensa deste vento?”, “que nos diz deste frio?”, “e esta poeira que nos chega do deserto?”

Este “clima mediático”, sempre a saltar de uma hipérbole para outra — uffff-está-tanto-calor-na Amareleja!, brrrr-está-tanto-frio-no-Sabugueiro! —, acaba por estragar tudo. Com tanto “vem-aí-o-lobo!” meteorológico, em que não acontece “lobo” nenhum, as pessoas deixam de ligar aos avisos. 

Foi o que aconteceu esta semana com as inundações de Lisboa. 


2. Como já foi aqui referido, o melhor e mais útil projecto para o centro histórico de Viseu realizado pelo malogrado António Almeida Henriques foi, sem sombra de dúvida, a recuperação da Casa das Bocas para servir de centro de saúde. 

Dois milhões e meio de euros bem investidos, tudo devidamente protocolado com o ministério da saúde, obra de um interesse público mais do que óbvio. E urgente. Do lado do município, tudo bem. Do lado do governo, foi o que se viu: o excelentíssimo ministério da saúde precisou de um ano para conseguir lá colocar meia dúzia de funcionários administrativos.

Finalmente, esta semana foi inaugurada a Unidade de Saúde Familiar São Teotónio naquela bela e renovada casa do século XVII.

“Malhei” aqui várias vezes no governo por causa deste atraso absurdo. Fecha-se o assunto com um “vale mais tarde do que nunca.”

Frame daqui

3. No início deste mês, houve duas más notícias para a cultura em Viseu: a Companhia Paulo Ribeiro mudou-se para Cascais e os Jardins Efémeros estão em risco de perder o apoio do Ministério da Cultura.

A primeira não surpreende ninguém, era sabido que aquele coreógrafo queria mudar de casa. No início deste ano, foi anunciada a mudança dos tarecos daquela companhia de dança para o Convento de S. Francisco, em Coimbra. Afinal, soube-se agora, a camioneta andou mais uns quilómetros para sul e acabou por os descarregar em Cascais.

A segunda notícia é inesperada e muito preocupante. Os Jardins Efémeros não podem acabar. Viseu não pode deixar que eles acabem. 

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