Quem anda à chuva...*

* Hoje no Jornal do Centro


1. Quem anda à chuva, molha-se... e choveu um pouquito logo a seguir à tragédia de 15 de Outubro, não deu para ninguém se molhar, mas deu para limpar a atmosfera da fuligem, e, segundo o ministro do ambiente, deu para duas horas de consumo de água da cidade de Viseu.
Fotografia olho de Gato

2. Quem anda à chuva, molha-se... e eu molhei-me fortemente quando, em Fevereiro de 2014, decidi criticar uma campanha da Águas de Viseu, em que António Almeida Henriques fez chover cartazes por todo o concelho de Viseu.

Perguntei eu:
“Multiplicados pelo território, dezanove cartazes diferentes, vinte e um simpáticos modelos, todos caucasianos, todos vestidos de branco, todos com letras a branco que dizem: Viseu é de primeira água.
Esta alva campanha publicitária, que foi exsudada pela câmara de Viseu, serve exactamente para quê?”

Por causa disto, trovejou nas redes sociais. Fui chamado de vários nomes por variegada gente, mas, clarinho como a tal “primeira água”, o facto é que ninguém conseguiu explicar para que serviu aquele derramamento de outdoors.


3. Quem anda à chuva, molha-se... e os setenta e cinco mil consumidores do concelho de Viseu agora, para se molharem, deixam uma pegada ecológica do tamanho de vinte e sete camiões-cisterna a gastarem diesel para-cá-e-para-lá, sem parança, a trazerem água de Lamego e de Tondela para os depósitos do Viso Norte.

Uma seca esta seca. Foi uma pena António Almeida Henriques ter aberto a torneira dos euros naquela inutilidade publicitária no chuvoso inverno de 2014. Foi uma pena muito maior o presidente da câmara de Viseu, neste desgraçado ano de 2017, não ter feito, em tempo útil, uma campanha de igual impacto a apelar aos viseenses para pouparem água.

4. Quem anda à chuva, molha-se... oxalá o leitor tenha essa oportunidade quando esta crónica lhe chegar às mãos. No dia em que a escrevo, a seca continua. Apesar das orações do cardeal patriarca.

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