No início

Ilustração de Dominique Fung


No início
não sabemos
que não podemos tudo.
É o corpo que nos ensina
Agarramos com as mãos
a irresistível chama
e a queimadura do fogo
enche-nos de surpresa
Subimos à árvore maior
para voarmos como pássaros
e dói-nos mais não podermos
do que a perna partida
No início não sabemos
que entre o desejo e o corpo
há um desencontro
a eterna fome
a perpétua busca.
Pedro Santo Tirso


Comentários

  1. No início…

    recordo os Chinchilas e o single «Barbarella», com Filipe Mendes (o Hendrix português).

    Chinchilas – “Barbarella”
    https://youtu.be/IhNwTJnJU8g

    recordo o Conjunto João Paulo, o Quinteto Académico, Os Celtas, os Gattos Negros do Victor Gomes, os Chinchilas, os Sheiks, o Quarteto 1111 e os Pop Five Music Incorporated.
    Todos os ouvíamos avidamente e acaloradamente.

    Recordo o single “Page One” dos Pop Five Music Incoporated, indicativo do programa de rádio "Página Um" transmitido na Rádio Renascença. Que memórias, carago!

    Pop Five Music Incorporated – “Page One”
    https://youtu.be/GBmiR-5PZC0

    E claro o “Em Órbita”, do Pedro Albergaria, onde cultivámos novidades, bom gosto e muito boa música.

    Os Petrus Castrus, os Filarmónica Fraude, também nos influenciam numa via de rock progressivo, na moda da época.

    Em 1971, só os irmãos mais velhos tiveram autorização para ir ao Festival de Vilar de Mouros….

    Já nos anos 80, os Xutos & Pontapés, os Heróis do Mar, os GNR e os marcantes Heróis do Mar.
    E a memória leva-nos às portas do Rock Rendez Vous, clube de Lisboa, onde os Xutos tocam o tema “Remar/Remar”. Que som! Que força!

    Xutos & Pontapés – “Remar Remar”
    https://youtu.be/DQZR9QjNyEk

    Comprar as cassetes, (sim cassetes…) dos “Concurso de Música Moderna” organizados pelo RRV era descobrir o “Som da Frente” (eternamente grato mestre António Sérgio) que se fazia em Portugal.

    Desses tempos, guardo a melhor versão de um tema dos Xutos:
    Cool Hipnoise - Remar, Remar (xutos & pontapés)
    https://youtu.be/vaPaZbUAW-k

    Hoje, navego mais no indie e folk com o Father John Misty, os Fleet Foxes ou o Bill Callahan; com companhia de um Gregory Porter, um Jay-Jay Johanson e o grande, grande Nick Cave, entre outros.
    Óbvio que os mestres CSN e Y e a geração dos anos 60 povoam, e marcam, o meu imaginário musical.

    Diáriamente, e sempre, na perpétua busca de novos sons.

    Obrigado, Zé Pedro!


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