Presuntos*

* Publicado há exactamente dez anos, em 23 de Novembro de 2007

1. A nova Lei das Finanças Locais é positiva embora o grosso dos dinheiros municipais continue a vir da velha fórmula: “quanto mais cimento, mais pilim”.

Uma das boas novidades da nova Lei foi ter tornado as Câmaras responsáveis directas por 5% do IRS dos seus munícipes. As Câmaras, agora, podem encaixar esses 5% ou devolvê-los em parte ou na totalidade aos contribuintes. Resultado: vamos ter concelhos vizinhos com IRS diferentes. É pena as diferenças em causa ainda serem modestas. Podiam e deviam aumentar.

2. Em 25 de Outubro, as dezoito Câmaras da Área Metropolitana de Lisboa decidiram que os seus munícipes pagam o máximo de IRS. Pagam e não bufam. Infelizmente, não é possível mandar a Autoridade da Concorrência àquelas câmaras passar-lhes uma multa por cartelização.

Em contraste, o presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio, cumprindo compromissos eleitorais, decidiu aliviar a carga fiscal no seu concelho: em 2008, os louletanos vão pagar menos 1,7 milhões de euros em IMI e menos 950 mil euros em IRS.

Loulé é um concelho com mais segunda habitação que primeira. Muita desta segunda habitação é de luxo.

Quantos ricos vão mudar a morada do seu Cartão de Contribuinte para a sua casinha do Algarve, deixando Costa, Isaltino, Capucho e Seara a chuchar no dedo?

3. “Às vezes trocam-se uns presuntos de Lamego, outros trocam queijos de Lafões, mas chamar a isso corrupção não, são apenas encontros de amigos". – Amândio Fonseca, Presidente do Sporting de Lamego e Vice-Presidente da Câmara, ao Diário de Viseu.

Daqui

“Aprender uma língua é aprender como se pensa nessa língua.”-
Roland Barthes.

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