Ilustríssimo deputado Pedro Alves, dialética?!
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Meu caro, como sabe eu sou um seu leitor atento e minucioso.
Pela leitura que fiz desta sua crónica de anteontem, não fiquei com muita certeza que esteja iniciado nas subtilezas hegelianas da dialética, nem das evoluções posteriores do conceito no materialismo dialético e muito menos das subtilezas hermenenêuticas dos seus clérigos — acredite que fazer "interpretações autênticas" da dialética foi ofício bem pago em metade do mundo, antes de 1989, no lado de dentro dos regimes comunistas.
De facto, o caro Pedro Alves não sabe muito sobre dialética, não quer saber de minudências tais como tese—antítese—síntese, mas a tal também não é obrigado.
Faz muito bem em não queimar pestanas com tal coisa e, para comprovar que ser versado nessa matéria não é grande espingarda, transcrevo-lhe uma história contada por Tony Judt em "Pensar o Século XX":
Pela leitura que fiz desta sua crónica de anteontem, não fiquei com muita certeza que esteja iniciado nas subtilezas hegelianas da dialética, nem das evoluções posteriores do conceito no materialismo dialético e muito menos das subtilezas hermenenêuticas dos seus clérigos — acredite que fazer "interpretações autênticas" da dialética foi ofício bem pago em metade do mundo, antes de 1989, no lado de dentro dos regimes comunistas.
De facto, o caro Pedro Alves não sabe muito sobre dialética, não quer saber de minudências tais como tese—antítese—síntese, mas a tal também não é obrigado.
Faz muito bem em não queimar pestanas com tal coisa e, para comprovar que ser versado nessa matéria não é grande espingarda, transcrevo-lhe uma história contada por Tony Judt em "Pensar o Século XX":
"Depois de a sua família ser expulsa de Espanha, [Jorge] Semprún, aos vinte anos, foi empurrado para a Resistência Francesa e posteriormente preso como comunista.
Enviado para Buchenwald, teve a protecção de um velho comunista alemão — o que sem dúvida explica a sua sobrevivência.
A dada altura, Semprún pede ao homem que lhe explique a «dialética». E ele tem resposta pronta: «C'est l'art et la manière de toujours retomber sur ses pattes, mon vieux» — a arte e a técnica de cair sempre em pé."
Como vê, pode continuar a fazer artigos "dialéticos", não tem problema nenhum, mesmo não percebendo muito do que está a escrever, fica "sempre em pé".
Já agora, o meu caro Pedro Alves leu uma malcheirosice anónima muito mal parida sobre mim, durante a última campanha autárquica, e interpelou-me amavelmente sobre ela no Facebook.
Quero agradecer-lhe a sua preocupação e quero explicar-lhe que não lhe respondi porque não dou publicidade a ranhosos anónimos, embora não tenha deixado de reparar, muito divertido, nas moscas coprófagas (peço desculpa pelo pleonasmo) que se apressaram logo a esvoaçar à volta daquele monturo de excrementos (peço outra vez desculpa pelo pleonasmo).
Enviado para Buchenwald, teve a protecção de um velho comunista alemão — o que sem dúvida explica a sua sobrevivência.
A dada altura, Semprún pede ao homem que lhe explique a «dialética». E ele tem resposta pronta: «C'est l'art et la manière de toujours retomber sur ses pattes, mon vieux» — a arte e a técnica de cair sempre em pé."
Como vê, pode continuar a fazer artigos "dialéticos", não tem problema nenhum, mesmo não percebendo muito do que está a escrever, fica "sempre em pé".
Já agora, o meu caro Pedro Alves leu uma malcheirosice anónima muito mal parida sobre mim, durante a última campanha autárquica, e interpelou-me amavelmente sobre ela no Facebook.
Quero agradecer-lhe a sua preocupação e quero explicar-lhe que não lhe respondi porque não dou publicidade a ranhosos anónimos, embora não tenha deixado de reparar, muito divertido, nas moscas coprófagas (peço desculpa pelo pleonasmo) que se apressaram logo a esvoaçar à volta daquele monturo de excrementos (peço outra vez desculpa pelo pleonasmo).
Alexandre, granda noia! Magnífico momento de inspiração.Sugestão: não volte a perder o seu tempo e atenção com os Pedros Alves desta vida. São alvos necessários mas muito fáceis.Um dia alguém lhes explicará o seu texto.
ResponderEliminarGosto dos teus comentários no "Olho de Gato" porque são, de maneira geral, curtos e incisivos, rápidos e adequados, prontos e assertivos. Mas este, mais longo, deliciou-me de forma particularmente forte e provou que há textos que não podem ter poucas palavras, por muito pouco que te apeteça falar sobre certos temas ou personagens . Parabéns, Alexandre!
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