Resgates*
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
Em Maio de 2011, o nosso resgate foi formalizado num memorando de entendimento que passou a ser o programa dos nossos governos e fez do país um protectorado na mão dos credores.
A seguir, sem surpresa, o resgate à república portuguesa virou fractal, chegando em dominó aos vários níveis de poder.
Em Janeiro deste ano, a Madeira foi resgatada. Em troca dos 1,5 mil milhões de euros de empréstimo, Vítor Gaspar impôs subidas de impostos e um ramalhete de medidas de austeridade ao dinossauro madeirense.
Em Agosto foi a vez dos Açores. Com menos espalhafato como aconselha a maneira de ser açoriana, Carlos César teve que fazer concessões políticas em troca de um empréstimo de emergência de 135 milhões de euros. Acabou, por exemplo, a vergonhosa eximição dos funcionários açorianos ao corte salarial feito ao funcionalismo público por Sócrates no PEC3.
Depois do poder regional, este dominó chegou agora ao poder local. Começaram a ser assinados os resgates às câmaras. Em politiquês a operação chama-se “Programa de Apoio à Economia Local (PAEL)” e tem dois níveis de austeridade. As mais falidas vão ser obrigadas a praticarem impostos e taxas máximas, quer queiram quer não queiram.
João Lourenço, pres. da câmara de Santa Comba Dão* |
No distrito de Viseu, já assinaram Armamar,
Lamego, Nelas, Oliveira de Frades,
S. Pedro do Sul e
Vila Nova de Paiva.
Outras se seguirão
e entre elas a
mais desgraçada de todas — Santa Comba Dão.
Falta já menos de um ano para as próximas autárquicas. Nas câmaras resgatadas os eleitos não vão ter margem de manobra, o PAEL vai estar para eles como o memorando de entendimento está para Pedro Passos Coelho.
Já para as outras câmaras, repito aqui um aviso deixado no blogue Olho de Gato: eleitorado que eleja doidos com a boca cheia de “obra” e outras despesices, será eleitorado condenado ao IMI máximo, IRS máximo e taxas máximas. E será muito bem feito.
* Fotografia de Paulo Leitão, editada
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