Grécia — 17 remédios amargos

     Ontem em Atenas  o New York Times perguntou a Eftychia Georgakopoulou, de 40 anos, que se manifestava à porta do parlamento o que ela pensava sobre o corte do salário.
     «Vinte por cento de quê?!», riu-se ela.
      A organização privada de apoio aos cegos onde Eftychia trabalha não lhe paga há um ano. Este tipo de situações é cada vez mais comum na Grécia.
Imagem daqui


     Para que se perceba o que é um país tutelado a ter que fazer o que os credores mandam, eis o que foi decidido que os gregos têm que fazer *, eis os 17 remédios da receita amarga ** ontem prescrita ao povo grego:
      1 — Redução de 22% do salário mínimo (actualmente é €751), redução de 32% para jovens com menos de 25 anos;
     2 — Congelamento do salário mínimo por 3 anos;
     3 — Congelamento de actualizações salariais enquanto a taxa de desemprego não descer abaixo de 10% (actualmente é 19%);
     4 — Redução de 15% das pensões das empresas públicas de telecomunicações e de electricidade, redução de 7% das pensões dos marinheiros;
     5 — Dispensa de 15 000 funcionários públicos este ano, corte de 150 000 empregos públicos até 2015;
     6 — Os acordos sectoriais de trabalho perdem efectividade ao fim de três meses depois da data de expiração (era 6 meses). Se o sector não chegar a acordo, passa a reger-se pelos standards nacionais;
     7 — Acordos colectivos sectoriais passam a ter um limite de três anos e os existentes expiram dentro de um ano;
     8 — Redução de 2% das contribuições para a segurança social imediatamente, mais uma redução adicional de 3% a partir de 2013;
     9 — Revisão até ao fim de Junho do estatuto salarial dos magistrados, médicos, diplomatas, polícias e militares;
     10 — Privatização até Junho das programadas vendas de pacotes de acções das companhias públicas de gás, petróleo, jogo, águas e saneamento, emissoras.
     11 — Abolição de vínculo permanente dos empregados das empresas públicas e bancos; 
     12 — Restrição das isenções de taxas, simplificação nos impostos sobre mais valias e na estrutura dos impostos sobre propriedade;
     13 — Encerramento de 200 repartições de finanças até ao fim do ano;  
     14 — Contratação de mais 1000 auditores fiscais até ao fim de Abril; 
     15 — Simplificação dos pagamentos ao fisco e segurança social; 
     16 — Diminuição de 0.15% do PNB em despesas militares; 
     17 — Recapitalização dos bancos gregos, limitações de votos nas respectivas assembleias gerais.


* A propósito, já leu o Memorando de Entendimento assinado entre Portugal e a Troika? Conhece as três versões de 2011?
** Tradução, às três pancadas, a partir daqui.

Comentários

  1. Um país moribundo cujo vírus se espalha rapidamente pelas periferias!Os remédios amargos a transformarem-se em venenos!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares