Gaiolas *

* Publicado hoje no Jornal do Centro

1. Desde o princípio do ano, são proibidas na “Europa” as gaiolas de bateria onde as galinhas não se podem mexer.
Luta contra as gaiolas de bateria aqui
Agora as gaiolas têm que ter uma área que dê a cada ave uma qualidade de vida mínima. Esta directiva comunitária é já de 1999 mas foram concedidos 12 anos de adaptação aos aviários.

A “Europa” é pioneira no mundo em matéria de direitos dos animais e isso deve constituir um orgulho para os europeus e isso é fruto de um trabalho admirável das associações de defesa dos animais.

Peter Singer, professor de bioética da Universidade de Princeton e um dos pioneiros da defesa dos direitos dos animais, escreveu em “Escritos para uma vida ética”: “A dor é má e quantidades similares de dor são igualmente más, seja quem for aquele que sofre” e “os seres humanos não são os únicos seres capazes de sentir dor ou de sofrer e a maior parte dos animais não humanos pode sentir dor.”

É evidente que há dor inevitável, que há até dor necessária (na cadeira do dentista, por exemplo), mas que é ético evitar-se sempre que possível a dor de todos os animais (humanos ou não).

Este pensamento poderoso e decente levou à directiva comunitária contra as gaiolas de bateria e tem posto os direitos dos animais na agenda pública.

Na “Europa”, os partidos tradicionais de poder e os partidos tradicionais de protesto estão a perder votos para a abstenção, para partidos populistas e para partidos temáticos, como os de defesa dos direitos dos animais e da liberdade na internet.

Isso também já cá chegou: na Madeira o bloco de esquerda foi varrido do parlamento regional e no seu lugar está o PAN (partido pelos animais e pela natureza).

2. A uma disputa sobre palavras ou laracha inútil chama-se logomaquia. Nas redes sociais, nos blogues, nos media e na política a logomaquia desta semana foi muito piegas.

Comentários

  1. Quando muitas vozes (ou teclados) demonstram indignação com a medida, alegando, entre outras coisas, que, especialmente neste momento, a Europa e os seus responsáveis se preocupam mais com as galinhas do que com as pessoas, é reconfortante deparar-me com com alguém que demonstra inteligência e sensibilidade para com criaturas a quem o mundo também pertence e que, ainda que involuntariamente, dão a sua vida - e vivem-na, muitas vezes, sabe deus em que condições - para que nós tenhamos, todos os dias, o nosso almoço e o nosso jantar garantido na mesa.
    Todo o meu respeito e o meu louvor a quem assim pensa.
    Cumprimentos.

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