Fêmeas, machos, bicharada e manchas na pele*
* Hoje no Jornal do Centro aqui
1. No início desta semana, o El País publicou um artigo cujo título compridíssimo — “El mito del dominio de los ‘machos alfa’: un estudio desmonta la idea de que ellos siempre se imponen en las sociedades de primates” — deixava logo antever ao que vinha: pôr em causa a macheza e o poder que ela julga ter.
É mais um mito prestes a cair. Julgava-se que, entre os primatas, “os machos dominavam socialmente as fêmeas” por serem “maiores, mais fortes e mais necessários para a sobrevivência do grupo”. Só que não, como é uso dizer-se agora.
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| Imagem Grok |
Quando li esta história de vacilações machas entre primatas, pensei em Pedro Sánchez que acaba de pôr a advogada Rebeca Torró como secretária da organização do PSOE, uma mulher para o lugar que era de Santos Cerdán, o corrupto e putanheiro número três socialista que acaba de ser preso.
Pensei também na manosfera e nos incels, nessa fauna insegura e ultradireitista que, por inconseguir relacionar-se de igual para igual com mulheres, se refugia na sua toca a dizer mal delas e a apoucá-las nos chats e nas redes sociais.
2. A história é muito conhecida: alarmadas com o números de cobras venenosas em Deli, as autoridades coloniais britânicas ofereceram uma recompensa por cada cobra morta.
Inicialmente, as coisas correram bem, só que, depois, empreendedores com olho para o negócio perceberam que podiam ganhar bom dinheiro com a procriação dos bichos. Assim fizeram até as autoridades abrirem a pestana e acabarem com aquele maná. Mal acabou a recompensa, as cobras foram libertadas e Deli acabou por ficar com mais bichos peçonhentos do que tinha antes.
A este acto falhado costuma chamar-se “efeito cobra” ou, em tecnocrês, “incentivo perverso”. Acontece muito. Políticas bem intencionadas, medidas pensadas com os pés, resultados desastrosos. Manchas na pele que rendem 400 mil euros, em dez afadigados sábados, a um dermatologista num hospital público português.
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