Apanhados*
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. Peguei no post-it amarelo com a lista de compras, colei-o no carrinho e comecei a correr as prateleiras do hipermercado.
À medida que aviava as compras, riscava na lista. Lâminas da barba, corta. Resma de papel, corta. Detergente da loiça, corta. Por aí fora.
Quando cheguei junto aos iogurtes magros com sabor a frutos vermelhos tinha o carrinho ainda meio vazio, na perspectiva do sr. Belmiro de Azevedo, mas, no ponto de vista da minha depauperada conta bancária, ele já estava cheio. A lista fluorescente quase toda riscada. Deixei, por momentos, o carro ali junto à frescura iogurtal enquanto fui buscar guardanapos. Quando regressei, compras viste-las.
Olhei à volta. Perscrutei na secção das manteigas. Olhei para as pessoas que compravam maçãs reinetas. Sondei os gulosos das tabletes. Em desespero fui à secção dos chás. Cadê o meu carro? Quem ficou com as minhas compras? Nicles. O carro tinha-se evaporado. Nunca mais o vi. Fui buscar outro e recomecei tudo de novo, furioso.
Confesso que me veio ao espírito a suspeita: e se esta coisa que me está a acontecer é para os “apanhados”?
2. Uma rapariga muito bonita e escultural pôs uma câmara de vídeo no bolso de trás de umas jeans provocantes, veio para a rua filmar a reacção dos transeuntes e prantou o filme na internet.
Perguntei por ele ao sr. YouTube e surgiu-me um título expressivo embora com má gramática — “camera na bunda uma mulher”. São dois minutos e seis segundos, em que se vê o pessoal “apanhado” de todo, a olhar, a olhar, a basbacar. Procure o vídeo e veja quem é “apanhado” ao 1'53”.
3. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa pegou nas televisões, aladeou-se ao actor Luís Miguel Cintra da Cornucópia e fez um programa de “apanhados” ao ministro da cultura.
4. Não deixe que ninguém o filme a comer bolo-rei.
1. Peguei no post-it amarelo com a lista de compras, colei-o no carrinho e comecei a correr as prateleiras do hipermercado.
Fotografia daqui |
À medida que aviava as compras, riscava na lista. Lâminas da barba, corta. Resma de papel, corta. Detergente da loiça, corta. Por aí fora.
Quando cheguei junto aos iogurtes magros com sabor a frutos vermelhos tinha o carrinho ainda meio vazio, na perspectiva do sr. Belmiro de Azevedo, mas, no ponto de vista da minha depauperada conta bancária, ele já estava cheio. A lista fluorescente quase toda riscada. Deixei, por momentos, o carro ali junto à frescura iogurtal enquanto fui buscar guardanapos. Quando regressei, compras viste-las.
Olhei à volta. Perscrutei na secção das manteigas. Olhei para as pessoas que compravam maçãs reinetas. Sondei os gulosos das tabletes. Em desespero fui à secção dos chás. Cadê o meu carro? Quem ficou com as minhas compras? Nicles. O carro tinha-se evaporado. Nunca mais o vi. Fui buscar outro e recomecei tudo de novo, furioso.
Confesso que me veio ao espírito a suspeita: e se esta coisa que me está a acontecer é para os “apanhados”?
2. Uma rapariga muito bonita e escultural pôs uma câmara de vídeo no bolso de trás de umas jeans provocantes, veio para a rua filmar a reacção dos transeuntes e prantou o filme na internet.
Perguntei por ele ao sr. YouTube e surgiu-me um título expressivo embora com má gramática — “camera na bunda uma mulher”. São dois minutos e seis segundos, em que se vê o pessoal “apanhado” de todo, a olhar, a olhar, a basbacar. Procure o vídeo e veja quem é “apanhado” ao 1'53”.
3. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa pegou nas televisões, aladeou-se ao actor Luís Miguel Cintra da Cornucópia e fez um programa de “apanhados” ao ministro da cultura.
4. Não deixe que ninguém o filme a comer bolo-rei.
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