Bichos-carpinteiros*
*Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. Como os leitores se devem lembrar, a última crónica foi escrita cheia de “cuidados e caldos de galinha” porque ia sair numa sexta-feira 13. Aqui acabou por não haver azar, mas houve no país.
O Instituto Nacional de Estatística, uma casa habitada por frios matemáticos que não querem saber de superstições, publicou naquela sexta-feira 13 os números do PIB do primeiro trimestre deste ano. Era 13 de Maio, dia de prodígios na Cova da Iria, mas, no país, aconteceu o contrário de um milagre. A coisa está preta: a economia cresceu 0,1% em cadeia e 0,8% em termos homólogos.
Aqui ao lado, Espanha, no mesmo período, cresceu 0,8% em cadeia e, em valores anualizados, são uns muito bons 3,4%.
2. Ora, estes números excelentes da economia espanhola aconteceram enquanto o país não tem governo. E assim vai continuar. Desde as eleições de 20 de Dezembro até às de 26 de Junho, vão ser 189 dias “acratas”.
Estas situações vão-se repetindo: a Holanda em 2010 esteve quatro meses sem governo; ao lado, a Bélgica, em 6 de Dezembro de 2011, estabeleceu um recorde mundial — foram 541 felizes dias, quase um ano e meio sem governo e tudo correu bem no país. Só quando a Standard & Poor's fez uma avaliação negativa da dívida soberana é que os partidos belgas foram obrigados a ultrapassar o impasse e chegar a um acordo de coligação.
São evidências do enfraquecimento global dos poderes. Estes limitam-se, cada vez mais, a alimentar um teatro que sobreavalia a capacidade dos políticos para resolverem problemas; teatro que, ao mesmo tempo, subavalia a habilidade dos mesmos políticos para criarem problemas.
É o caso: enquanto o governo de Madrid está paralisado, o de Lisboa não pára. Os resultados em Espanha são bons, em Portugal são maus.
Há que pedir encarecidamente à geringonça: por favor, mexa-se o mínimo possível, controle esses bichos-carpinteiros.
1. Como os leitores se devem lembrar, a última crónica foi escrita cheia de “cuidados e caldos de galinha” porque ia sair numa sexta-feira 13. Aqui acabou por não haver azar, mas houve no país.
O Instituto Nacional de Estatística, uma casa habitada por frios matemáticos que não querem saber de superstições, publicou naquela sexta-feira 13 os números do PIB do primeiro trimestre deste ano. Era 13 de Maio, dia de prodígios na Cova da Iria, mas, no país, aconteceu o contrário de um milagre. A coisa está preta: a economia cresceu 0,1% em cadeia e 0,8% em termos homólogos.
Na “Europa”, pior que Portugal só a Grécia.
Fotografia de Alexandros Vlachos — daqui
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2. Ora, estes números excelentes da economia espanhola aconteceram enquanto o país não tem governo. E assim vai continuar. Desde as eleições de 20 de Dezembro até às de 26 de Junho, vão ser 189 dias “acratas”.
Estas situações vão-se repetindo: a Holanda em 2010 esteve quatro meses sem governo; ao lado, a Bélgica, em 6 de Dezembro de 2011, estabeleceu um recorde mundial — foram 541 felizes dias, quase um ano e meio sem governo e tudo correu bem no país. Só quando a Standard & Poor's fez uma avaliação negativa da dívida soberana é que os partidos belgas foram obrigados a ultrapassar o impasse e chegar a um acordo de coligação.
São evidências do enfraquecimento global dos poderes. Estes limitam-se, cada vez mais, a alimentar um teatro que sobreavalia a capacidade dos políticos para resolverem problemas; teatro que, ao mesmo tempo, subavalia a habilidade dos mesmos políticos para criarem problemas.
É o caso: enquanto o governo de Madrid está paralisado, o de Lisboa não pára. Os resultados em Espanha são bons, em Portugal são maus.
Há que pedir encarecidamente à geringonça: por favor, mexa-se o mínimo possível, controle esses bichos-carpinteiros.
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