Ferrugem*

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro



1. Ao contrário do que aconteceu em 2005, quando Paulo Portas queria Telmo Correia como seu sucessor e lhe saiu na rifa José Ribeiro e Castro, desta vez as coisas correram sem sobressaltos: Paulo Portas “entregou”, no passado fim-de-semana, a liderança do CDS a Assunção Cristas.

Por enquanto, ainda só tivemos dois “Matusaléns” à frente de partidos: Álvaro Cunhal e Paulo Portas. Este dirigiu o CDS de 1998 a 2016, com um intervalo de 2005 a 2007. A sua chegada à chefia do CDS foi memorável. Essa “primeira vez” foi descrita aqui, num Olho de Gato, da seguinte maneira:

De súbito, irrompem aplausos no fundo da sala. O povo do CDS vira a cabeça. Sorrisos no ar. Cenhos franzidos nas elites. Palmas. Metronicamente, Ele entra. Ele. O Messias. Paulo Portas, saudado pela sala em pé, caminha enérgico a olhar para Manuel Monteiro. A turba agita-se. As televisões seguem a cena. Paulo Portas mais próximo. A sala paroxiza-se. As meninas jotas ruborescem. As madames têm princípios de delíquios. Os cabos de votos do Minho acenam que sim com a cabeça.

Paulo chega à mesa. Aperta energicamente a mão a Manuel. No tempo de um aperto de mão, Paulo “é”, Manuel “era”.

Este foi o mais cinemático “homicídio” político da nossa terceira república. Só podia ter sido protagonizado pelo cinéfilo Paulo Portas.

A liderança de Paulo Portas deixa, como passivo, os submarinos do Jacinto Leite Capelo Rego. Mas deixa um activo que suplanta esse passivo: a Paulo Portas se deve não ter medrado eleitoralmente à direita um populismo nacionalista e eurocéptico como há por essa “Europa” fora.

Resta ver o que os seus “jovens” 53 anos querem fazer no futuro.

2. O syrizista bloco de esquerda acaba de votar contra o apoio de 106,9 milhões de euros à Grécia. Isso mesmo: todo aquele “esganiçamento” bloquista pelo povo grego era, afinal, treta OXIdada.

Há ferrugem nos apoios parlamentares da “geringonça”. Esta já teve que ser salva duas vezes pela "caranguejola" da direita.

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