Feios*
*Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 03 de Março de 2006
1. “A Face Feia do Crime” é o título dum artigo da edição do Washington Post, de 17 de Fevereiro. O texto cita Naci Mocan, da Universidade do Colorado, e Erdal Tekin, da Universidade do Estado da Geórgia, que, a partir duma pesquisa a 15000 adolescentes, cujos percursos pessoais foram acompanhados por entrevistas em 1994, 1996 e 2002, concluíram que os feios cometem mais crimes que os bonitos.
Os dois cientistas, citados pelo Washington Post, avançam razões que tentam explicar porque é que os “criminosos têm tendência a serem feios”. Parece que “os homens e mulheres não atraentes têm menos hipóteses de serem contratados e ganham menos dinheiro que os com bom aspecto”.
Um assaltante de bancos de Miami, Daniel Gallagher, também concorda. Explicou à polícia, depois de ser capturado: «Eu sou demasiado feio para arranjar trabalho.”
2. Este assunto fez-me reler “Morte aos Feios”, de Vernon Sullivan, “traduzido” do americano por Boris Vian.
No centro da história, um cientista, o doutor Markus Schutz, que tem uma ilha no Pacífico povoada de morenas, ruivas e louras. (Há o equivalente em masculino.) O Dr. Schutz quer erradicar os feios do mundo e os seres clonados que produz não têm defeitos de fabrico.
Chega um torpedeiro da marinha americana àquele paraíso. É feita uma experiência científica: são mandados alinhar “os 25 marinheiros mais bonecos e os 25 mais feios” do torpedeiro. Para com eles acasalarem, são chamadas 50 garotas do Dr. Schutz. “Todas esculturais e de pôr doido qualquer produtor de Hollywood.” - assim as descreve Boris Vian. É dada ordem aos marinheiros para se despirem. É dada ordem a elas para avançarem.
Saturadas dos clones perfeitos do Dr. Schutz, elas atiraram-se aos feios, aos tortos e aos barrigudos. Os marinheiros bonitos ficaram a chuchar no dedo.
1. “A Face Feia do Crime” é o título dum artigo da edição do Washington Post, de 17 de Fevereiro. O texto cita Naci Mocan, da Universidade do Colorado, e Erdal Tekin, da Universidade do Estado da Geórgia, que, a partir duma pesquisa a 15000 adolescentes, cujos percursos pessoais foram acompanhados por entrevistas em 1994, 1996 e 2002, concluíram que os feios cometem mais crimes que os bonitos.
Os dois cientistas, citados pelo Washington Post, avançam razões que tentam explicar porque é que os “criminosos têm tendência a serem feios”. Parece que “os homens e mulheres não atraentes têm menos hipóteses de serem contratados e ganham menos dinheiro que os com bom aspecto”.
Um assaltante de bancos de Miami, Daniel Gallagher, também concorda. Explicou à polícia, depois de ser capturado: «Eu sou demasiado feio para arranjar trabalho.”
2. Este assunto fez-me reler “Morte aos Feios”, de Vernon Sullivan, “traduzido” do americano por Boris Vian.
No centro da história, um cientista, o doutor Markus Schutz, que tem uma ilha no Pacífico povoada de morenas, ruivas e louras. (Há o equivalente em masculino.) O Dr. Schutz quer erradicar os feios do mundo e os seres clonados que produz não têm defeitos de fabrico.
Chega um torpedeiro da marinha americana àquele paraíso. É feita uma experiência científica: são mandados alinhar “os 25 marinheiros mais bonecos e os 25 mais feios” do torpedeiro. Para com eles acasalarem, são chamadas 50 garotas do Dr. Schutz. “Todas esculturais e de pôr doido qualquer produtor de Hollywood.” - assim as descreve Boris Vian. É dada ordem aos marinheiros para se despirem. É dada ordem a elas para avançarem.
Saturadas dos clones perfeitos do Dr. Schutz, elas atiraram-se aos feios, aos tortos e aos barrigudos. Os marinheiros bonitos ficaram a chuchar no dedo.
Recordo esse desconcertante policial.
ResponderEliminarE mais ainda recordo ou peço ajuda a outras memórias: essa colecção não foi coordenada pelo João Luis Oliva?
Sim, o Oliva foi o editor desta colecção fabulosa que, suponho, tenho ainda completa.
Eliminar:-)
Abraço, JB
Alex, numa escala de 1 a 10, bota 11 likes neste post. É por este e por outros artigos que eu continuo a achar que vale a pena ler blogues. Sempre a aprender contigo.
EliminarAbraço.
Obrigado, grande Alcídio
EliminarTexto de 2006, estava então a sair da política a grande velocidade.
Abraço