Grupos grandes*

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro



1. No último Olho de Gato chamei a atenção para a mania que há na “Europa” de decidir tudo em grandes maratonas negociais que se prolongam até altas horas da madrugada. E lembrei: “grupos grandes tendem a decidir mal, grupos grandes e com sono é asneira certa.”

A última decisão sobre a Grécia não foi grande coisa, mas já houve muito pior saído daquelas cabeças insones. Em Março de 2013, os crânios do Eurogrupo, perante o colapso bancário do Chipre, saíram-se com a ideia de taxar todos os depósitos, os dos ricos e os dos pobres — uma bomba atómica na confiança das pessoas no sistema bancário. No dia seguinte, houve recuo e as coisas foram acertadas: perdas só em depósitos acima de cem mil euros, o valor garantido para todos os depósitos da eurozona. Os gregos, à cautela, levaram os seus para debaixo do colchão, mas isso é outra história.

Regressemos ao tema: porque é que grupos grandes tendem a decidir mal? Rolf Dobelli, em 'A Arte de Pensar Com Clareza' chama a este fenómeno “preguiça social”. Acontece em grupos em que o esforço individual possa ficar diluído no colectivo. Quanto maior o grupo, mais ronha tenderá a fazer cada elemento. Se os resultados forem bons — “por acaso foi ideia minha”. Se forem maus — “por acaso foi ideia do grupo”; a isto os especialistas chamam «difusão de responsabilidade».

A decisão do terceiro resgate grego não deve ter sido má de todo já que há dois “por-acaso-foi-ideia-minha”: do nosso Pedro Passos Coelho e do primeiro-ministro holandês.

Já quanto àquela decisão idiota, e felizmente abortada, de esfaquear todos os depósitos cipriotas a culpa há-de morrer celibatária.


António Borges (#2 na lista do PS)
e Marisabel Moutela (#4)
2. A comissão política distrital do PS deve ser um grupo mesmo muito grande. 

É que aprovou uma lista de candidatos a deputados com criaturas como Marisabel Moutela e Lúcia Araújo Silva que não têm vida política fora do aparelho partidário mais encardido.

Já se sabe: grupos grandes tendem a...

Comentários

  1. 1. Recordemos que o primeiro governo de Alexis Tsipras era formado por um número assinalável de académicos: seis economistas, um professor de Direito, um professor de Relações Internacionais, um matemático e um professor emérito de Filosofia. Era o gabinete com maior formação académica da Europa.
    “Entre a desilusão e o festejo vai um caminho enorme. Deste lado pesa a desilusão, claro. Mas nada é a preto e branco, como sempre. A luta continua.” – Marisa Matias.
    Todos criticam o Varoufakis, mas quantos já se deram ao trabalho de consultar o impressionante currículum do sr?
    Por cá quantos Lusófonos, copy-past, equivalentes, tecnofórmicos ou impenitentes gabarolas internacionais.
    E pelos vistos ainda não passaram da fase “grupos grandes tendem a decidir mal, grupos grandes e com sono é asneira certa.”

    2. Quanto a Viseu, um partido que se dá ao ”luxo” de despedir um deputado trabalhador, interveniente, atento e culto como Acácio Pinto, está de malas aviadas para comprar um Smart!
    Bem podem tentar negar, jurar que foi tudo um mal-entendido, afirmar que bem tentaram, fazer-se de inocentes, prometer, que agora é que vai ser. Vira o disco e toca o mesmo e eles conseguem não se desmanchar a rir...
    Deitaram fora o bebé com a água do banho.

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