Caixa de remédios*
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
Em 1945, depois dos anos de guerra, a Grã-Bretanha estava falida. A sua dívida pública era superior a 200% do PIB, pior que a actual dívida grega. A libra segurava-se com dificuldade e só porque havia travões severos à saída de dinheiro do país.
Naquele aperto, Lord John Maynard Keynes foi encarregado de ir pedir assistência aos Estados Unidos. O velho sábio estava optimista, contava conseguir uma doação substancial ou, então, um empréstimo sem juros.
Chegado lá, quanto mais ele lembrava a devastação da guerra, mais os seus interlocutores se mostravam implacáveis. A doutrina dos acordos de Bretton Woods, assinados no ano anterior, impunha a convertibilidade das moedas. Lord Keynes bem o sabia já que tinha também sido ele a chefiar a delegação britânica em 1944. O problema é que a convertibilidade significava fuga de capitais. Um desastre.
Em Bretton Woods, Keynes tinha sido um negociador duro. Desta vez, de uma forma inesperada, ele abriu a porta à “troca” de um empréstimo pelo levantamento dos controles de saída de dinheiro. Os americanos agarraram a “oferta” com as duas mãos, a delegação britânica ainda tentou apear Keynes mas... tarde demais.
A Sky News lembrou este caso em Fevereiro, para meter memória histórica nas negociações que então Varoufakis iniciava em Bruxelas. Aquela cedência de Keynes fez com que o dinheiro escoasse do país à mesma velocidade com que agora a política do Syriza o fez voar dos bancos gregos.
A Sky levanta uma hipótese perturbante: lord Keynes, que tinha tido vários ataques cardíacos, andava a tomar medicamentos pouco convencionais, desde comprimidos de ópio a tiopentato de sódio, um “soro da verdade”, e que aquela asneira negocial terá sido cometida debaixo da influência daquele soro.
Negociações desta amplitude podem ter consequências durante décadas. Depois de ter despedido com justa causa Varoufakis, é melhor que Tsipras espreite também a caixa de remédios de Euclid Tsakalotos.
Em 1945, depois dos anos de guerra, a Grã-Bretanha estava falida. A sua dívida pública era superior a 200% do PIB, pior que a actual dívida grega. A libra segurava-se com dificuldade e só porque havia travões severos à saída de dinheiro do país.
Jardins Efémeros — 2015 Fotografia Olho de Gato |
Chegado lá, quanto mais ele lembrava a devastação da guerra, mais os seus interlocutores se mostravam implacáveis. A doutrina dos acordos de Bretton Woods, assinados no ano anterior, impunha a convertibilidade das moedas. Lord Keynes bem o sabia já que tinha também sido ele a chefiar a delegação britânica em 1944. O problema é que a convertibilidade significava fuga de capitais. Um desastre.
Em Bretton Woods, Keynes tinha sido um negociador duro. Desta vez, de uma forma inesperada, ele abriu a porta à “troca” de um empréstimo pelo levantamento dos controles de saída de dinheiro. Os americanos agarraram a “oferta” com as duas mãos, a delegação britânica ainda tentou apear Keynes mas... tarde demais.
A Sky News lembrou este caso em Fevereiro, para meter memória histórica nas negociações que então Varoufakis iniciava em Bruxelas. Aquela cedência de Keynes fez com que o dinheiro escoasse do país à mesma velocidade com que agora a política do Syriza o fez voar dos bancos gregos.
A Sky levanta uma hipótese perturbante: lord Keynes, que tinha tido vários ataques cardíacos, andava a tomar medicamentos pouco convencionais, desde comprimidos de ópio a tiopentato de sódio, um “soro da verdade”, e que aquela asneira negocial terá sido cometida debaixo da influência daquele soro.
Negociações desta amplitude podem ter consequências durante décadas. Depois de ter despedido com justa causa Varoufakis, é melhor que Tsipras espreite também a caixa de remédios de Euclid Tsakalotos.
Artigo durinho, sr Gato!!
ResponderEliminarPara desanuviar: Street art da boa...
http://pejac.es/home/gallery-2/
Boa Street Art, JB
ResponderEliminarDesanuviou
Abraço