A noite abre meus olhos

Fotografia de Christian Coigny



Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado

Ferrugens cintilam no mundo
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes

A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta

o amor é uma noite a que se chega só
José Tolentino Mendonça


Comentários

  1. Viva o Costa, Pim !

    Eu pecador me confesso…afinal: título do Público de domingo - ” Costa consegue congresso pacifico e sobre política”. E questiono: o homem conseguiu um cânone plural? O homem conseguiu concretizar a pluralidade na diversidade?

    Bom, lendo as noticias, a coisa foi mais ou menos organizada geometricamente para que o ausente (Sócrates) estivesse presente no “ar dos corredores” e o outro ausente (Seguro) estivesse já embalsamado.

    Num congresso mais de sintonias do que contrates, a força das circunstâncias (obrigado a elas…) obrigou Costa a uma clarificação ideológica e de pessoas. Já Nietzsche chamava a atenção para o biológico impulso da sobrevivência. Finalmente o óbvio: clarificação! Com quem quero ir; qual o caminho e o que rejeito. Não podia era continuar um partido socialista com ausência de estabelecimento de um horizonte de sentido político.

    Claro que ainda estamos no torvelinho pós-congresso, e continuo a ter divergências com Costa (ex a municipalização da educação), mas pelo menos já se sente um ar de política e de que há que ter a noção de que o resultado das políticas não afectam coisas inanimadas mas seres humanos que sofrem. Resta à esquerda consequente não ter medo de errar; ousar aliar sonho e pragmatismo. Não ser só uma esquerda de ideias mas de realizações, mesmo correndo o risco de dizerem que falharam. Um partido alternativo não se situa facilmente em relação aos outros porque o seu nível, o seu plano, é diferente. Isto não significa, porém, que não tenha que se situar em relação à grande fronteira que continua a separar o que continuamos a designar como esquerda e direita.

    Claro que também houve outros sinas, como presidenciais, e aí a César o que é de César (digo eu…).

    Claro que também houve os “amuados” como o gongórico Assis, que aterrou em Bruxelas a lamentar-se, junto do Manneken Pis, que o sonho de um bloco central abençoado pelo santo unificador Cavacão fica para as calendas… ou o solitário Beleza (quero os meus lugarzinhos).

    Claro que esperava que Seguro tivesse tido a hombridade de ter ir dizer “obrigado camaradas e até breve”.

    No fim deixo o meu BILHETE

    Fui-me embora, não esperes por mim.
    Se alguém der pela falta, diz apenas
    que estou bem, continuo a fazer o mesmo
    de sempre, trabalho, casa, trabalho, casa.
    (….)
    In Estação 2012
    Mariposa Azual, Junho de 2014

    (Caramba, não acerto no timing do autor deste blog. Mais uma vez este texto deveria servir de comentários ao post Com o motor desligado e a a forma como o PS tem feito política: com o motor desligado….)
    Mas a noite é boa companheira !

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