Fachadas
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. À medida que as cidades crescem, os seus centros tradicionais perdem comércio, actividade, prestígio — em suma: perdem poder. É que o mundo em rede em que vivemos já não precisa de um centro, ou, dito de outra forma, o centro agora está em todo o lado.
Até o poder político é cada vez mais desterritorializado. Já não se trata só de um líder poder comunicar a partir de qualquer lado com os cidadãos, é a própria decisão política que é móvel. Obama assina decretos a voar no Airforce One. O conselho de ministros reúne "electronicamente", mesmo com os ministros espalhados no mundo, como recentemente aconteceu por causa do BES. O próprio António Almeida Henriques tem-se entretido a reunir a câmara de Viseu de freguesia em freguesia.
A este esvaziamento funcional e simbólico do centro das cidades tem correspondido o que Daniel Innerarity, em O Novo Espaço Público, chama a “musealização dos centros históricos”.
Estes vão sendo remetidos cada vez mais à condição de cenários nostálgicos para turista ver.
2. A câmara de Viseu acaba de aprovar um incentivo de seis euros por metro quadrado para a recuperação de fachadas. Esta decisão merece aplauso. Décadas de rendas congeladas e de inacção pública e privada deixaram o património edificado cheio de feridas que precisam de ser saradas.
Os vereadores socialistas, embora apoiem a medida, não concordam que ela tanto beneficie proprietários ricos como pobres.
Mas será relevante e desejável diferenciar fachadas de casas conforme os rendimentos dos proprietários? Não creio, neste caso.
Uma boa “musealização” e “cenarização” dos centros impõe que sejam tratadas tanto as feridas “ricas” como as feridas “pobres”. E há um outro factor a ter em conta — quanto mais complexos forem os regulamentos, mais se gasta em burocracia e “custos de verificação”. E mais medra o arbítrio político.
1. À medida que as cidades crescem, os seus centros tradicionais perdem comércio, actividade, prestígio — em suma: perdem poder. É que o mundo em rede em que vivemos já não precisa de um centro, ou, dito de outra forma, o centro agora está em todo o lado.
Até o poder político é cada vez mais desterritorializado. Já não se trata só de um líder poder comunicar a partir de qualquer lado com os cidadãos, é a própria decisão política que é móvel. Obama assina decretos a voar no Airforce One. O conselho de ministros reúne "electronicamente", mesmo com os ministros espalhados no mundo, como recentemente aconteceu por causa do BES. O próprio António Almeida Henriques tem-se entretido a reunir a câmara de Viseu de freguesia em freguesia.
A este esvaziamento funcional e simbólico do centro das cidades tem correspondido o que Daniel Innerarity, em O Novo Espaço Público, chama a “musealização dos centros históricos”.
Fotografia Olho de Gato |
2. A câmara de Viseu acaba de aprovar um incentivo de seis euros por metro quadrado para a recuperação de fachadas. Esta decisão merece aplauso. Décadas de rendas congeladas e de inacção pública e privada deixaram o património edificado cheio de feridas que precisam de ser saradas.
Os vereadores socialistas, embora apoiem a medida, não concordam que ela tanto beneficie proprietários ricos como pobres.
Mas será relevante e desejável diferenciar fachadas de casas conforme os rendimentos dos proprietários? Não creio, neste caso.
Uma boa “musealização” e “cenarização” dos centros impõe que sejam tratadas tanto as feridas “ricas” como as feridas “pobres”. E há um outro factor a ter em conta — quanto mais complexos forem os regulamentos, mais se gasta em burocracia e “custos de verificação”. E mais medra o arbítrio político.
Este novo presidente tem um dom muito especial, que é propalar que vai fazer tudo quanto as pessoas querem ouvir. E vai daí, mune-se do melhor markting e toca a ouvir toda a gente e mais alguém, por exemplo para a definição da estratégia do Centro Histórico.
ResponderEliminarComeça por dizer que o Centro Histórico está doente (que novidade), que não quer um C H de fachada a fazer lembrar um cenário de Holywood, que quer trazer mais gente porque a perdeu nos últimos anos.
O que fez?
À pessoa que lhe falou do seu arrependimento de ter comprado uma casa à CMV porque não conseguia lá dormir com o barulho, e a todos os outros queixosos pelo mesmo motivo, respondeu com todos os desmandos conhecidos em concertos que chega a promover, com níveis de som e horários obscenos na sua própria casa ou em qualquer canto, sem rei nem roque. Ou seja: Exactamente ao contrário do que lhe pediram.
Disse que iria estudar novos espaços de estacionamento, e que os residentes iriam ter espaços próprios. Sem alternativas não haveria alterações.O que lhe haviam pedido.
. Fez o quê?
Chegou à Praça D. Duarte e acabou com todos os lugares existentes, sem qualquer alternativa, subindo as multas de 9.9 para 30€, com PSP quase em perseguição permanente, deixando os comerciantes às moscas. Deu um lugar à PSP muito útil porque assim ninguém os multa, e por outro lado podem ir almoçar descansados. Criou mais um lugar para deficientes, que mais não é que um lugar privativo e gratuito. Acabou com o estacionamento na Rua das Ameias.
Já no Largo Pintor Gata criou 4 lugares de cargas e descargas (para quê?), e tornou os outros lugares grátis! Como na Rua Chão do Mestre passou a autorizar o estacionamento gratuito. Percebem?
Bem pode pois tratar de compor o cenário, porque assim não vai haver quem invista em coisa nenhuma. Como os moradores e comerciantes já não passam de tristes figurantes deste filme que a Câmara de há alguns anos a esta parte começou a fazer rodar no Centro Histórico a grande velocidade, bem pode tratar das fachadas .
Sinto-me muito grato a este presidente pelas cortesias com que como morador me tem presenteado, mas se aqui tivesse uma loja ajoelhar-me-ia a seus pés!