Ficar no chão *
* Texto publicado no Jornal do Centro exactamente há quatro anos, em 4 de Junho de 2010
A candidatura de Manuel Alegre às presidenciais começou a tentar levantar voo logo no início deste ano, em 15 de Janeiro, em Portimão. A coisa correu mal. Alegre não saiu do chão.
Ainda por cima, colou-se-lhe como uma lapa Francisco Louçã.
Louçã nem disfarçou: decidiu primeiro e só depois pôs o seu partido a apoiar o que o chefe já tinha decidido. É certo que, no início, houve algum descontentamento dentro do bloco de esquerda que não se percebeu se vinha de antigos admiradores do estalinismo albanês, se de membros de alguma tribo urbana da esquerda caviar.
Só que, entretanto, em Bragança, Manuel Alegre fez um discurso contra o “capitalismo financeiro”. Se é um facto que as palavras de Alegre em Bragança zangaram o sr. José Lello e o sr. Vitalino Canas, também é verdade que foi a chibatação do poeta no PEC que pôs o bloco em bloco no redil alegrista.
Correu tempo e Manuel Alegre percebeu que tinha que desconversar. Prudente, de voz em alvo sem nada dentro, ficou a marinar à espera do PS.
Em 4 de Maio, ainda foi aos Açores fazer uma segunda tentativa de descolagem, agora com a bênção de Carlos César e do sr. Ricardo Rodrigues que, na primeira fila, com as mãos nos bolsos, olhava para os gravadores dos jornalistas. Também desta vez, também desta açoriana vez, a candidatura alegre ficou no chão, pesada como chumbo, aterrada com a força da gravidade.
No domingo passado o PS decidiu apoiar Alegre. Foi uma decisão em que o PS e José Sócrates deram uma lição de democracia interna ao bloco.
Entretanto, os dois motores do “avião” alegrista, nestes longos meses, apanharam muita cinza do vulcão Yjafjallajökull. Pior ainda: o motor socialista puxa para um lado e o motor do bloco puxa para o outro.
Senhores passageiros, não se esqueçam do pára-quedas.
A candidatura de Manuel Alegre às presidenciais começou a tentar levantar voo logo no início deste ano, em 15 de Janeiro, em Portimão. A coisa correu mal. Alegre não saiu do chão.
Imagem daqui
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Louçã nem disfarçou: decidiu primeiro e só depois pôs o seu partido a apoiar o que o chefe já tinha decidido. É certo que, no início, houve algum descontentamento dentro do bloco de esquerda que não se percebeu se vinha de antigos admiradores do estalinismo albanês, se de membros de alguma tribo urbana da esquerda caviar.
Só que, entretanto, em Bragança, Manuel Alegre fez um discurso contra o “capitalismo financeiro”. Se é um facto que as palavras de Alegre em Bragança zangaram o sr. José Lello e o sr. Vitalino Canas, também é verdade que foi a chibatação do poeta no PEC que pôs o bloco em bloco no redil alegrista.
Correu tempo e Manuel Alegre percebeu que tinha que desconversar. Prudente, de voz em alvo sem nada dentro, ficou a marinar à espera do PS.
Em 4 de Maio, ainda foi aos Açores fazer uma segunda tentativa de descolagem, agora com a bênção de Carlos César e do sr. Ricardo Rodrigues que, na primeira fila, com as mãos nos bolsos, olhava para os gravadores dos jornalistas. Também desta vez, também desta açoriana vez, a candidatura alegre ficou no chão, pesada como chumbo, aterrada com a força da gravidade.
No domingo passado o PS decidiu apoiar Alegre. Foi uma decisão em que o PS e José Sócrates deram uma lição de democracia interna ao bloco.
Entretanto, os dois motores do “avião” alegrista, nestes longos meses, apanharam muita cinza do vulcão Yjafjallajökull. Pior ainda: o motor socialista puxa para um lado e o motor do bloco puxa para o outro.
Senhores passageiros, não se esqueçam do pára-quedas.
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