Liberdade *
* Texto publicado no Jornal do Centro em 18 de Julho de 2008
Em Abril de
2007, critiquei aqui a criação de uma super base de dados destinada
ao combate à fuga fiscal dos funcionários públicos. Para além do
perigo da informação recolhida poder cair em mão erradas, é
iníquo segmentar a sociedade em funcionários públicos (os “maus”)
e não funcionários públicos (os “bons”).
Também
nesta legislatura, foi aprovada uma lei em que se um cidadão
reclamasse ao fisco perdia imediatamente direito ao sigilo bancário.
Na assembleia da república só o actual líder parlamentar do PSD,
Paulo Rangel, levantou a voz contra esse abuso. Só ele. Felizmente,
essa aberração foi travada por Cavaco Silva e o tribunal
constitucional.
Agora,
querem pôr um chip em todos os carros. A última edição do
Expresso dizia que o chip vai ser uma maravilha, que vai facilitar
nos engarrafamentos e nas operações stop e que nos vai colocar na
vanguarda da telemática mundial. Enfim: balões de ensaio e
marketing.
Esta ideia é
má. Tecnologia “big brother”, não, obrigado!
Não está a
ser fácil a Mário Lino colocar praças de portagens nas SCUTs e,
por isso, quer pôr-nos a pagar as portagens electronicamente.
Ora, eu
quero chegar a uma portagem e poder pagar com cartão, ou com via
verde, ou com notas ou moedas. Como me apetecer. Ninguém tem nada
que saber se estou em Espinho ou na Guarda.
Sei que
dizer isto não é popular. As pessoas acham que “quem não deve
não teme”. É por causa desse “quem não deve não teme” que
deixamos os governos espreitarem cada vez mais as nossas vidas. E,
como se vê, a curiosidade dos governos é insaciável.
Se o chip
for posto à venda, as pessoas vão correr para as filas para o
comprarem. Os portugueses gostam muito de modernices. E pouco da
liberdade.
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