Inflação*
* Texto publicado no Jornal do Centro, em 10 de Outubro de 2008
A inflação
é o mais injusto dos impostos porque corrói o rendimento dos mais
pobres e dos mais fracos. Quando se transforma em hiperinflação,
então, é uma tragédia social. Essa tragédia aconteceu na Alemanha
depois da I Guerra Mundial, tendo sido uma das causas que levou ao
nazismo e a Adolf Hitler.
O que
aconteceu é muito bem contado em “O Obelisco Negro”, um
divertido livro de Erich Maria Remarque que conta as aventuras de uns
cangalheiros durante a República de Weimar.
Entre
Janeiro de 1922 e Dezembro de 1923, os preços aumentaram mil milhões
de vezes. A cavalgada dos preços era de tal
forma que até a “cotação” de uma refeição num restaurante
não parava quieta. Era conveniente comer depressa. Quanto mais se
demorava, mais a conta final podia ser multiplicada por cem ou por
mil.
Havia uma
pausa nesta desgraça:
a subida dos preços parava nos fins-de-semana
porque a bolsa estava fechava.
Na crise
actual acontece algo parecido. Ao fim-de-semana, a cotação do
petróleo e das outras commodities
não inquieta. Ao fim-de-semana, o Dow Jones e a Euribor estão
parados. Ao fim-de-semana, não precisamos de ter medo do subprime
nem dos ainda mais tóxicos credit default
swaps.
Os bancos
centrais têm injectado doses obscenas de dinheiro no sistema
bancário. Como se sabe, mais massa monetária significa mais
inflação.
O cidadão
alemão comum não gosta do euro e ainda tem saudades do velho marco.
Não surpreende, portanto, que Angela Merkel ligue pouco ao que diz o
sr. Sarkozy. A chanceler alemã prefere verificar se o sr. Trichet no
BCE mantém o euro forte e a inflação controlada.
Como é a
Alemanha que paga a “Europa”, tenhamos alguma esperança.
Mais reciclagem? preguiça? não faltam as novidades!
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