Tempos
* Publicado hoje no Jornal do Centro
1. Em
1965, o professor Stuart Oskamp fez uma experiência com psicólogos
clínicos. Foi dando, a cada um deles, sucessivos dossiers e em cada
novo dossier era aumentada a informação sobre os pacientes.
Ora,
percebeu-se que a qualidade de diagnóstico dos psicólogos não
melhorou nada com o aumento de informação. Os dados novos recebidos
só os puseram mais confiantes em relação ao diagnóstico inicial
que eles tinham feito. A informação nova funcionou unicamente como
reiteração.
Este
processo de fechamento mental é muito usado na luta política.
Vejamos o exemplo que está “mais à mão” — as próximas
eleições internas no PS-Viseu.
evidente,
não há nenhuma
grande diferença entre
e
Lúcia Araújo Silva — ambos
são socialistas e ambos querem ganhar
a câmara de Viseu
em 2013.
Qual
será, então, a melhor estratégia para ganhar as eleições no
universo fechado dos militantes socialistas? A resposta é simples:
eles devem fazer tudo para que cada militante/eleitor faça o seu
“diagnóstico” o mais depressa possível. É que, como mostra o
trabalho de Stuart Oskamp, uma vez formulado o diagnóstico “ele é
o melhor”, quaisquer que sejam os disparates ditos ou feitos em
campanha, dificilmente a posição muda para “ela é a melhor”.
(É claro que “ele é o melhor” e “ela é a melhor” podem
trocar de lugar na frase).
2. Na
semana santa do ano passado, enquanto
Sócrates mostrava ter ainda poder sobre o tempo tradicional e dava
tolerância de ponto aos funcionários, a troika, que se mexe no
tempo pós-moderno dos mercados, trabalhou sem parar durante as
“férias” da Páscoa e obrigou o INE, em plena sexta-feira santa,
a mudar o valor dos défices e da dívida pública de 2009 e 2010.
Isto
é, naquele dia de evocação da morte de Cristo, o tempo pós-moderno
e o tempo religioso foram ambos sacrificiais.
Obrigado por me facilitar a tarefa de leitura do JC. É um prazer saltar directamente para a última página. Nunca esquecendo de ler o Fernando F. e o Editorial.
ResponderEliminarAbraço,
Boa Páscoa.
Obrigado, caro Miguel, e boa Páscoa
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